Nesta madrugada saíram os resultados do referendo na Venezuela. Segundo a apuração do CNE, 50,7% dos venezuelanos votaram contra o
primeiro bloco de artigos submetidos à consulta, enquanto 49,29%
optaram pelo "sim". O segundo bloco de reforma foi rejeitado por 51,05%
dos eleitores enquanto 48,94% o aprovaram. Diferença apertada.
Não vou me alongar muito sobre esses resultados e nem na análise. Minha opinião é que além de limitações estratégicas que abordarei em outro post houveram seis fatos (sendo quatro totalmente EVITÁVEIS) durante a campanha que foram decisivos para uma derrota tão apertada:
1) Desgaste por causa do episódio com o rei da Espanha na Cúpula Ibero-Americana
2) Desgaste devido ao tensionamento nas relações com a Colômbia. Pra piorar a situação Chávez leu, em rede nacional, uma carta de Manuel Marulanda, líder das FARC, um dia antes do pleito. Total sem noção!!! Esse fato foi bem explorado pelos meios opositores para assustar os mais moderados.
3) Provável operação de guerra psicológica do governo norte-americano extremamente bem plajenada e articulada com os escuálidos, como foi denunciado por bolivarianos e pelo jornal Washington Post (leia aqui outra matéria sobre essa conspiração).
4) Renúncia do ministro da defesa Raúl Isaias Baduel que foi para o lado da oposição.
5) Saída definitiva do partido PODEMOS (social-democrata) da base de apoio do bolivarianismo e seu posicionamento contra a reforma constitucional do jeito que foi proposta.
6) Tiroteio entre bolivarianos e oposicionistas dentro da Universidade Central da Venezuela (UCV).
Outro fato interessante é que os institutos de pesquisa que asseguravam uma vitória do NÃO na pesquisa de boca de urna falavam que o SIM estava vencendo, arrancando, dessa maneira, declarações do governo para que o resultado fosse respeitado por ambas as partes. Suponho que esse "vazamento" da pesquisa de boca de urna tenha sido um "golpe de mestre" da oposição.
O lado bom da derrota é que mostrou que as eleições na Venezuela são limpas, sem trapaças como sempre acusava a oposição. Outra lição que pode (ou não) sair dessa derrota é que Hugo Chávez seja mais humilde na condução do processo revolucionário. Na minha avaliação não foi a oposição que ganhou, mas Hugo Chávez que perdeu, pois não soube conduzir o processo com a devida serenidade e liderança moral. Mesmo membros da base de apoio bolivariana reconheciam desvios em alguns pontos da reforma constitucional (e não estou falando da reeleição indefinida, que é normal em diversos países "democráticos" como a Inglaterra).
Espero que Chávez aprenda com essa primeira derrota, pois ainda há tempo de revertê-la. Seu mandato vai até 2013 e até lá muita coisa vai acontecer na Venezuela e na América Latina. Humildade, paciência, serenidade e a compreensão de que a política deve ser uma extensão da ética são valores que precisam ser trabalhados para o processo bolivariano se renovar e não morrer na praia.
Muito bem escrito. Parabéns, Taka!
o chávez quer atrasar a venezuela, em meia hora.
– é em 2012 que termina o mandato do chavez;
Mas será que a vitória do Não se deu pela personalidade histérica do Chavez?
Foi também, mas se o PODEMOS não tivesse pulado fora, acho que o Sim venceria.
Alguns fatos para se prestar atenção:
– Os milicos não aceitaram a transição para o socialismo do XXI – que seria essa reforma e ficou marcado com a saída do min. da defesa – e só ficaram na onda do nacionalismo bolivariano. Isso pra um golpe de caráter fascista é algo próximo.
– O interessante é que o Congresso já havia aprovado a reforma e ele foi submetido em referendo pelo Chavez. Fica a pergunta, porque ele fez isso? Acreditou que era uma maneira de mobilização popular pro projeto dele? Ou forma de medir as forças? Ou o que?