Apresentação do blog do Takahashi

Após seis anos e meio como voluntário do Centro de Mídia Independente do Brasil ( www.midiaindependente.org ), cheguei a conclusão que uma atuação restrita ao CMI não desenvolveria o tipo de discussão necessária pra criação de um projeto político de viés autonomista.

Diante disso, resolvi criar esse Blog no servidor livre noblogs (www.noblogs.org ), visando ter mais liberdade pra destacar assuntos que acho relevantes; sem ter que passar pelo crivo do coletivo editorial do CMI ou pelas atuais limitações políticas do projeto.

 

O objetivo desse blog é ser um espaço democrático de discussão e reflexão sobre diversos temas, que contribuam para a criação de um projeto político de viés autonomista. Além desse blog pretendo criar um poadcast quinzenal ou mensal, uma conta no youtube (enquanto não surge uma alternativa livre de qualidade) e usar de toda ferramenta que existe pra facilitar a vida de um produtor de mídia independente.

Quero aproveitar essa apresentação para introduzi-los na reflexão que me fez criar o blog. Ultimamente, vejo que o campo autônomo brasileiro foi sequestrado por uma visão hegemônica espontaneísta, extremamente pós-moderna e quase sempre ingênua.

Creio que a causa desse desvio encontra-se na base social hegemônica do campo autônomo brasileiro, composto por artistas e jovens universitários de classe média urbana; que refutam o discurso e prática da velha e desgastada esquerda partidária.

Pra se contrapor à essa esquerda partidária, de viés autoritário, esses artistas e jovens foram pro campo oposto, criando um espectro político de esquerda demasiadamente democratista e sem rumo; que tem no CMI Brasil uma de suas principais referências. Hoje em dia, o autonomismo brasileiro é refém de principios como a (falsa) horizontalidade e o (falso) consenso, e tem quase como princípio a indefinição política.

Também vejo, dentro do autonomismo, uma dicotomia improdutiva entre os que priorizam a luta social e os que priorizam a transformação do estilo de vida. Os que priorizam a luta social taxam o outro lado como "pequeno-burgueses em crise" ou "hippies"; e os que priorizam o estilo de vida taxam os lutadores sociais como "autoritários", "atrasados" ou "ingênuos".

Outro grande gargalo encontra-se na falta de um  pragmatismo mínimo dentro do campo autonomista brasileiro, o que nos restringe a falar para nós mesmos. Atualmente, nosso campo político é um circuito fechado que se retroalimenta e, com raras excessões, não tem perspectiva de ter um impacto significativo na sociedade (mais uma vez, na minha opinião, o CMI Brasil é uma dessas excessões).

Bom, acho que já escrevi demais pra uma apresentação. Espero a leitura dos companheiros e contribuições serão bem vindas.
 

Na luta e na luz

 

André Takahashi
 

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4 Responses to Apresentação do blog do Takahashi

  1. Sando says:

    Muito bom Taka! Sou seu confrade principalmente nesta breve apresentação. Nunca participei diretamente de nenhum meio de Midia Independente, contudo sua reflexão desintala da minha garganta algo que algum tempo já começava a perceber. Uma quase que inerente ingênuidade militante, passada quase que por osmose dentro dos coletivos. A falta de um projeto comun de verdade e um norte primário, fazem uma organização interna quase que caótica, mas que é entendida como cósmica para quem está dentro. A té agora o que surgiu e foi formado nessa nova esquerda não institucional do Brasil foi uma vangarda de pensadores, que estam (algumas das vezes) mais preocupados em denunciar, ainda que seja para ninguém que já não saiba. Exelente sua iniciativa e que bom que teremos um espaço que previlegie novas discussões sobre velhos problemas, assim como o diagnóstico de novos problemas. Abraços

  2. legume says:

    Acho boa sua iniciativa, tende a resultar numa produção regular maior.
    Acho que falta um planejamento dentro da esquerda autonoma de um modo geral, e as razões disto são várias, desde a falta de necessidade direta dos militantes envolvidos na luta, quanto a dificuldade de se realizar coisas por iniciativa própria em uma sociedade que estamos acostumados a só produzir obedecendo.
    Os métodos de tranformação disto tem que ser necessariamente coletivos, o problema de um modo geral entre os militantes é que estes tem uma dificuldade de uma autocritica radical que proponha uma nova formulação, em contrapartida a tendencia que acha quequalquer uma das propostas de alteração não servirá para nada.

  3. Elissy says:

    Taka,parabéns! Como sempre usando a Internet para transmissão de idéias úteis e inteligentes. Com certeza , conte comigo como leitora! Bjs

  4. bob420 says:

    Em primeiro lugar parabéns pela iniciativa! Devo avisá-lo que é bastante trabalhoso manter um blog.
    É bom ver alguém assumir o trabalho de colocar questões em discussão e expor idéias novas.
    PARABÉNS!!!

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