Os frutos do Plano Colômbia

Os
frutos do Plano Colômbia

2008-03-14

Raúl
Zibechi*

O
operativo militar executado por militares colombianos em solo
equatoriano para matar o dirigente das FARC Raul Reyes, é
parte da estratégia dos EUA para alterar o equilíbrio
militar da região. Na mira está o petróleo da
Venezuela e do Equador, porém também está em
xeque o Brasil como potência regional emergente.

Nas
declarações, o objetivo são as FARC (Forças
Armadas Revolucionárias da Colômbia), ou seja o
narcoterrorismo. Porém, na realidade o operativo militar
colombo-estadunidense que vulnerabilizou a soberania do Equador
aponta diretamente para Hugo Chávez. Estamos vivendo o que
podería ser a primeira fase de uma vasta ofensiva para
desestabilizar o processo bolivariano e modificar a relação
de forças na América do Sul.

A
estratégia foi sendo implementada por etapas. Primeiro foi o
Plano Colômbia para fortalecer a capacidade militar do Estado
colombiano e coloca-lo entre os mais poderosos do continente. Depois,
começou o “derrame” da guerra interna colombiana sobre os
países vizinhos. A terceira etapa parece ser a “guerra
preventiva”, que se converteu em uma destacada estratégia
militar do Pentágono logo depois dos atentados terroristas de
11 de setembro de 2001.

É
a primeira vez em muito tempo que Washington toma a ofensiva na
região e é capaz de colocar uma porção
importante dos países latino-americanos atrás da sua
estratégia. É também uma ostentação
de força no momento que o governo de Hugo Chávez
atravessa sérias dificuldades internas e não consegue
apoios paraa sua estratégia de responder tensão com
mais tensão.

Em
primeiro lugar o que chama a atenção é a falta
de pudores dos atores. As FARC se apresentam como uma organização
revolucionária e popular porém, na realidade, são
um grupo armado que viola os direitos humanos, recruta menores à
força, abusa das mulheres e dos reféns que mantém
em seu poder e se financia graças ao narcotráfico.
Muitos países a consideram terrorista.

Por outro
lado, o presidente Álvaro Uribe Vélez integrou o
narcotráfico e foi aliado dos paramilitares, como está
registrado no Arquivo de Segurança Nacional dos Estados Unidos
revelado pela revista Newsweek em 2004. Ali, aparece que Uribe fazia
parte, no início dos anos 90, do Cartel de Medelin, comandado
pelo narcotraficante Pablo Escobar, de quem era amigo íntimo
[1]. Esse é o tipo de pessoa que George W. Bush definiu
em 4 de março deste ano como “nosso aliado democrático”.
Uribe se converteu no principal operador das políticas da casa
branca na região.

 

Novo
equilíbrio regional de forças

Super-Tucano Em 2004
uma revista militar brasileira (Military Power Review) elaborou um
ranking das forças armadas sul-americanas incluindo todas as
variáveis: desde a quantidade de efetivos e a qualidade do
equipamento até os planos de defesa e a projeção
estratégica. A análise estabeleceu uma pontuação
a cada nação de acordo com seu poderio militar. Em
primeiro lugar aparecia o Brasil com 653 pontos; em uma segunda
colocação aparecia o Perú com 423 pontos,
Argentina com 419 e Chile com 387. Logo vinha outro grupo em que
estava a Colômbia com 314, depois a Venezuela com 282 e o
Equador com 254 pontos [2]. Naquele momento, há apenas
4 anos, a diferença a favor das forças armadas do
Brasil era considerável, enquanto era seguido por dois grupos
de países relativamente emparelhados entre si.

Em 2007 a
mesma revista difundiu dados sobre a quantidade de efetivos das
diferentes forças armadas em cada país com cifras do
ano anterior. Os dados dos exércitos permitem concluir que a
Colômbia (178.000 soldados) se situou em segundo lugar no
continente muito próxima do Brasil (190.000 soldados). Em
poucos anos, o poderio militar desse país escalou posições
em forma geométrica. Nesse mesmo ano o exército da
França tinha 137.000 efetivos e o de Israel 125.000. Para 2008
já são 210.000 os efetivos terrestres da Colômbia,
superando dessa forma o Brasil que tem uma população 4
vezes maior e 7 vezes a superfície colombiana. O gasto militar
da Colômbia é o maior do continente: 6,5% do PIB, muito
acima do gasto dos EUA (4%), dos países da OTAN (2%) e do
resto da América do Sul (1,5 a 2%).

Se
observarmos a progressão das forças armadas da
Colômbia, seu crescimento é assombroso. Em 1948, quando
aconteceu o assassinato de Jorge Eliécer Gaitán que deu
início à “La Violência”, haviam 10.000
militares. Em 1974 já eram 50.675 para
subir até 85.900 em 1984, no período que começaram
as negociações de paz para a desmobilização
de várias organizações armadas. Para 1994 havia
120.000 efetivos que se elevaram a 160.000 nas primeiras fases do
Plano Colômbia. Neste momento, as três armas das formas
armadas colombianas têm 270.000 uniformizados aos quais se
somam 142.000 policiais. No total, mais de 400.000 pessoas em armas
em sete divisões, com uma Força de Deslocamento Rápido
e uma agrupação de Forças Especiais
Anti-terroristas
[3].

Só em 2007 o exército criou 52 novas unidades. Recebeu
doações de helicópteros Black Hawk dos Estados
Unidos, comprou 13 aviões de caça de Israel e 25 aviões
de combate Super Tucano do Brasil em 2006. As forças armadas
da Colômbia são muito superiores às de seus
vizinhos. A relação de efetivos é de seis pra um
com a Venezuela e de onze a um com o Equador. Porém, a
principal diferença é que se trata de tropas treinadas
em combate de selva e que contam com respaldo logístico de
Washington [4].

Em pouquíssimos anos, se produziu na América do Sul uma
virada espetacular do poderio militar. É resultado do Plano
Colômbia. Com a desculpa de combate às FARC e ao
Narcotráfico, desde agosto de 2000, quando o Congresso dos EUA
aprovou o Plano Colômbia, este país recebeu U$ 5,225
bilhões de ajuda militar. A isso se soma a aplicação
do governo de Uribe de impostos especiais aos setores de maior
rendimento econômico para equipar as forças armadas.
Helicópteros de transporte e ataque, armamento leve, óculos
infra-vermelhos, proteção de oleodutos, lanchas
rápidas, aviões turbohélice de ataque à
terra, aviões de inteligência, controle e radares para
seguir vôos ilegais, são as principais aquisições
[5].

 

 

Envolver os vizinhos

Em 2003, o sociólogo James Petras apontava que a verdadeira
preocupaçao do Comando Sul dos Estados Unidos, quem realmente
desenha a política regional, é que “os países
vizinhos da Colômbia (Equador, Venezuela, Brasil e Panamá),
que estão sofrendo os mesmos efeitos adversos das políticas
neoliberais, se mobilizem politicamente contra a política
militar e os interesses econômicos dos Estados Unidos [6].

Por isso a estratégia contemplada pelo Plano Colômbia
não consiste tanto em ganhar a guerra interna mas espalhar-la
pelos países visinhos como forma de neutralizar sua crescente
autonomia em relação à Washington. Militarizar
as relações inter-estados sempre é um bom
negócio para quem apóia sua hegemonia na superioridade
militar. Nesse sentido, a existência das FARC é
funcional aos planos belicistas de Washington.

Rafael
Correa mencionou que o custo de controlar a fronteira com a Colômbia,
aonde tinha destacados 10.000 efetivos antes da incursão de 1º
de março, supera os cem milhões de dólares
anuais. A Colômbia não controla essa fronteira e empurra
a guerrilha até o solo equatoriano, como forma de produzir
desestabilização. Nos últimos anos, o Equador
desmantelou em torno de 40 acampamentos das FARC na sua fronteira e
apresentou dezenas de queixas pela fulmigação de
supostos cultivos de coca que terminam afetando a população
equatoriana fronteiriça. O Brasil decidiu impermeabilizar sua
fronteira já nos tempos de Fernando Henrique Cardozo. Em
resposta à intenção da administração
Clinton de implicar-lo nos objetivos do Plano Colômbia, já
em 2000 colocou em marcha o Plano Cobra (das iniciais de Colômbia
e Brasil) para evitar que a guerra nesse país se desdobrasse
sobre a Amazônia brasileira, e o Plano Calha Norte para evitar
que guerrilheiros e narcotraficantes cruzem a fronteira
[7].

O controle da região andina é considerada chave para a
hegemonia estadunidense no continente, tanto por razões
políticas como pela riqueza mineral que ela contém.
Permite que as multinacionais estadunidenses recuperem o terreno
perdido desde que na década de 90 foram parcialmente
substituídas pelas européias; asseguraria por outros
meios o que se pretendia através da ALCA (Área de Livre
Comércio das Américas) ; impede que outras potências
emergentes (Brasil, China e Índia) se posicionem na região.

Porém, existe também a vertente petróleo. Em
1973, os Estados Unidos importou 36% das suas necessidades
petroleiras. Hoje em dia os Estados Unidos importa 56% do petróleo
que consome. A Venezuela é o quarto provedor, que abastece 15%
das suas necessidades, e a Colômbia o quinto provedor [8].
Assegurar o fluxo do recurso energético requer um controle
territorial de enclave com presença militar sobre o terreno.

A desestabilização da Venezuela

Desde a derrota do governo Chávez no referendo para a reforma
da Constituição, o 4 de dezembro de 2007, a tensão
interna e regional deu vários passos adiante. Como
prognisticaram vários analistas , a crise econômica
parece fora de controle e está gerando problemas nas relações
entre o governo e a população [9]. Parece ser
uma boa ocasião para tentar a desestabilização.

Efetivamente tudo indica que Raul Reyes, a cara mais visível
das FARC por causa de seu caráter negociador, havia sido
localizado em ocasiões anteriores mas nunca se decidiu
atacá-lo. A decisão de desencadear uma ação
desse tipo, neste momento, teria várias leituras. Por um lado,
aproveitar a situação interna da Venezuela, mas também
abalar a governabilidade de Rafael Correa que está no começo
de um programa de transformações que têm no
controle estatal do petróleo um dos seus eixos principais, e
em uma sólida aliança com o Brasil um ponto de apoio
essencial.

Porém, uma desestabilização da região
também teria efeitos muito nocivos para o Brasil, a potencia
regional emergente que está saindo fortalecida da crise
econômica mundial em curso. Em 2007 o Brasil teve um aumento de
84% de investimentos estrangeiros diretos em relação a
2006 e em janeiro de 2008 o dobro que o mesmo mês do ano
anterior. Com razão, a revista Exame publica um informe que
assinala que o país vive o melhor momento econômico em
três décadas e que tem a oportunidade de entrar na elite
do capitalismo mundial [10].

Ocupar esse lugar pressupõe substituir outros. Ou seja, Brasil
está preenchendo o vazio que a crescente debilidade de
Washington está deixando. Por isso sua diplomacia joga pela
paz: para promover os negócios e para podar o militarismo que
sempre é o melhor negócio para uma superpotência
em decadência. Clovis Brigagao, diretor do Centro de Estudos
Americanos da Universidade Cândido Mendes do Rio de Janeiro,
assinalou que o momento atual é uma oportunidade única
para estabelecer uma mediação coletiva similar ao Grupo
de Contadora que nos anos 80 promoveu a pacificação da
América Central [11].

Por último, a Venezuela está sofrendo um tipo de
desestabilização que pode ser um modelo para aplicar-se
em outros países. Júlio Garcia Jarpa, deputado do
estado de Táchira, fronteira com a Colômbia, observa a
extensão na Venezuela do fenômeno paramilitar. “Diante
do plano de desmobilização do paramilitarismo na
Colômbia, alguns grupos se concentraram na fronteira com os
estados venezuelanos Apure, Zulia, Mérida, Táchira e
Trujillo [12]. De lá contrabandeam gasolina,
monopolizan alimentos e contribuem para gerar insegurança,
corrompendo funcionários e gerando um clima de violência.

Esses estados conformam um terço do país e são
os que contam com os recursos de hidrocarbonetos mais importantes e
estão incluídos, segundo denuncia o deputado
venezuelano, em um plano de secessão como o que promovem os
departamentos de Santa Cruz e Tarija na Bolívia. Depois do
ocorrido no Kossovo, aonde a independência promovida pelo
ocidente parece ligada ao negócio petroleiro, a tese de que a
direita venezuelana, apoiada pelos interesses estadounidenses,
promovam a secessão da região ocidental não
parece um disparate.

Em paralelo, os dados que estão saindo à luz permitem
concluir que boa parte das denúncias de Chávez sobre
uma conspiração contra seu governo não são
fruto da sua imaginação. O assunto é como conter
as tendências à guerra e como cortar a polarização.
Nesse sentido, a diplomacia brasileira segue dando mostras de sentido
comum e de saber fazer. Não deixou de tomar partido pelo
agredido, mas colocou o norte em construir uma paz estável na
região, assentada na integração regional. Para
isso, a construção da Comunidade Sul-americana de
Nações é mais urgente do que nunca.

O negócio da guerra

A origem das FARC é diferente da de outros grupos
combatentes. Em 1948 foi assassinado o líder liberal Jorge
Eliécer Gaitán, caudilho popular detestado pela
intranssigente oligarquia colombiana. O magnicídio provocou
uma grande revolta popular, o Bogotazo, e um longo período de
guerras entre Liberais e Conservadores conhecido como La Violencia,
onde morreram umas 200.000 pessoas. Liberais e comunistas,
perseguidos ferozmente pelo Estado, se refugiaram em regiões
remotas e inacessíveis e resistiram durante mais de uma
década, até que boa parte deles se reagruparam no que
posteriormente seriam as FARC. Em 5 de maio de 1966 nascem as Forças
Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) como braço
armado do Partido Comunista.

A origem Liberal de boa parte dos seus efetivos, entre eles Manuel
Marulanda Vélez, Tirofijo (Tirocerto), seu principal
dirigente, marcam diferenças com a maior parte das guerrilhas
do continente. Por volta dos anos 60, as guerrilhas liberais e
comunistas foram confluindo em “zonas liberadas” nas quais
fundaram “repúblicas independentes” como a de Marquetália.

A segunda vertente, mais importante ainda, defende a necessidade dos
camponeses se defenderem dos latifundiários, que
marginalizaram e expropriaram as maiorias camponesas as empurrando
até as margens da fronteira agrícola. A guerrilha
colombiana se conforma, na prática, como grupos de autodefesa
camponesa diante das violência extrema dos poderosos.

Até começos da década de 1980 as FARC contavam
com mil à três mil combatentes. Em maio de 1984
estabelecem um cessar-fogo como parte dos acordos de paz assinados
com o presidente Belisario Betancourt, e criam a Unidade Patriótica
(UP) para participar nas eleições e na vida política
legal. Porém, a UP foi aniquilada pela ação
conjunta dos narcotraficantes, os paramilitares e o Estado. Em poucos
anos foram assassinados entre dois e quatro mil simpatizantes e
dirigentes da UP.

A partir de 1986, sob o governo Virgilio Barco, começaram
processo de paz com o M-19, o EPL, o PRT e o Movimento Armado Quintín
Lame, que formavam junto com as FARC e o ELN a Coordenadora Símon
Bolívar. Como parte dos acordos de paz com esses grupos
figurava a convocatória de uma Assembléia Constituinte.
Em 9 de dezembro de 1990, no mesmo dia em qua se elegiam os
constituintes e enquanto ainda se negociava a paz com as FARC, o
exército sem aviso prévio lançou uma ofensiva
contra a mítica Casa Verde, sede do Secretariado do grupo
guerrilheiro.

Em 1998 se abre um novo processo de paz com o presidente Andrés
Pastrana e a criação de uma Zona de Distenção
Desmilitarizada de 40.000 kilômetros quadrados. Em 2002 se pôs
fim à experiência no meio das acusações de
que as FARC participam do negócio do narcotráfico e
praticam o recrutamento forçado de menores, enquanto o governo
de Pastrana negociava o Plano Colômbia para se fortalecer e
ganhar o conflito.

Com o governo Uribe, desde 2000, tudo foi piorando. As FARC tiveram
que se recolher e perderam numerosos efetivos e, sobretudo, a
iniciativa militar e política. Entretanto, a política
de Washington e de Uribe não são suficientes para
explicar o brutal isolamento das FARC, o que representa sua derrota
política e, provavelmente, sua futura desaparição
como grupo significativo.

A forma como se financiam é um dado relevante.
Aproximadamente 78% de sua renda, ou seja em torno de um bilhão
de dólares anuais, se obtém por sua participação
no narcotráfico, segundo o governo da Colômbia. Uma
parte substancial é o chamado ‘impuesto al gramaje’, pago por
cada grama produzida por camponeses e traficantes. Outros 600 milhões
de dólares se obtém, segundo as mesmas fontes, das
“vacunas” (vacinas) ou extorsões e sequestros. O resto da
sua renda provém do roubo de gado dos latifundiários.

Um segundo elemento que deslegitimou as FARC é que entre
20-30% de seus efetivos são menores, muitos deles recrutados
à força segundo denúncia da Humans Rights Watch.
Em terceiro lugar, estão seus métodos, com frequência
muito similares aos que empregam os paramilitares e as forças
armadas. As FARC têm cometido massacres contra camponeses e
grupos indígenas e a Anistia Internacional considera que eles
violam os Direitos Humanos. Por último, a divulgação
de imagens e testemunhos sobre os reféns e prisioneiros,
presos com correntes há cinco, seis ou mais anos, terminaram
de sepultar a sua credibilidade.

Pior
que ainda tem mais. As pessoas comuns percebem que a guerra a
prejudica e beneficia os poderosos.Dessa forma os paramilitares se posicionam como um projeto de refundação e de organização das novas formas de acumulação, onde a mineração ao céu aberto e os biocombustíveis se posicionam como os carro-chefes. 

 

*Raúl Zibechi é editor de Política Internacional
do “Semanário Brecha de Uruguay”; é autor de vários
livros como “La Mirada Horizontal”, “La Revuelta Juvenil De Los
90”, “Los Arroyos Cuando Bajan” e “Genealogia De La
Revuelta”; além de ser o ganhador do Prêmio
Latino-americano de Jornalismo José Marti 2003. Seus textos
podem ser encontrados em:

http://zibechi.sincensura.org.ar/

http://alainet.org/

notas:

1) Newsweek, 4 de agosto de 2004 en
www.newsweek.com/id/54793
2)
Ver www.militarypower.com.br/frame4-ranking.htm.
3) José
Fernando Isaza Delgado y Diógenes Campos Romero, ‘Algunas
consideraciones cuantitativas sobre la evolución del conflicto
en Colombia’, Bogotá, diciembre de 2007.
4) ‘Uribe listo
para ir a la guerra’, Página 12, 5 de marzo de 2008.
5)
Fabián Calle, ‘La crisis Venezuela-Colombia: las capacidades
militares que esconden las palabras’, 4 de marzo de 2008,
www.nuevamyoria.com.
6) James Petras, ‘La estrategia militar de
Estados Unidos en América Latina’, en América Libre,
No. 20, enero 2003.
7)
‘Os militares, o governo neoliberal e o pé americano na
Amazonia’, en revista Reportagem, www.oficinainforma.com.br.
8)
Raúl Zibechi, ‘El nuevo militarismo en América del
Sur’, Programa de las Américas, mayo de 2006.
9) Raúl
Zibechi, ‘Venezuela: Debates a raíz de la reforma de la
Constitución’, Programa de las Américas, diciembre de
2007.
10) ‘O Brasil que acelera’, Exame, 6 de marzo de 2008 en
http://portalexame.abril.com.br.
11) Mario Osava, ‘Brasil se
resiste a mediar en conflicto andino’, IPS, 4 de marzo de 2008.
12)
Miguel Lozano, ‘Paramilitarismo, punta de lanza del separatismo en
Venezuela’, Prensa Latina, 7 de marzo de 2008.

fonte: http://www.alainet.org/active/22794

tradução: André Takahashi em 23/03/2008 – Taka
@ riseup.net

revisão: Rafael Xavier em 25/03/2008

Posted in Integração Latino-americana | Comments Off on Os frutos do Plano Colômbia

A noite oficial dos OVNIs

Mais um post a respeito de UFOs. Aqui vai um post sobre o que ficou conhecido como "A Noite Oficial dos OVNIs", na minha opinião um dos casos mais importantes da Ufologia mundial. Nessa época eu tinha apenas sete anos. Além dos avistamentos relatados por militares conheci diversas pessoas que viram luzes nos céus de São Paulo nessa mesma época. Abaixo postei uma reportagem do Fantástico e um artigo da revista da Força Aérea.


 

 

Leia na íntegra a reportagem publicada na Revista Força Aérea Nº 43, sobre a Noite Oficial dos UFOs no Brasil.

Por Mariana Raad

 

"…Cheguei perto do alvo, posicionando-me a cerca
de seis milhas de distância dele, o que ainda é longe para que possa
haver uma verificação precisa, ainda mais à noite. O alvo parou de se
deslocar na minha direção e começou a subir. Eu não perdi o contato
radar inicial e passei a subir junto com ele. Continuei seguindo o
contato até cerca de 30 mil pés, quando perdi o contato radar e fiquei
apenas com o visual. Mas, naquele momento, aquela luz forte já se
confundia muito com as luzes das estrelas…"

 

Este é o depoimento de um dos pilotos de combate da FAB acionados
para interceptar contatos não-identificados que invadiram nosso espaço
aéreo em 19 de maio de 1986. Vinte anos se passaram desde aquele
enigmático episódio, sem que explicações mais conclusivas tenham sido
apresentadas sobre o assunto. O que realmente teria acontecido naquela
noite de outono?

Na noite de 19 de maio de 1986, os radares
que controlam os céus brasileiros sobre São Paulo, Rio de Janeiro e
Anápolis de repente começaram a ver coisas estranhas! Até hoje os
fenômenos daquelas poucas horas frenéticas não foram explicados. Além
dos operadores dos radares do CINDACTA I (Primeiro Centro Integrado de
Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo), pilotos de caça e da aviação
civil participaram da tentativa de identificação daqueles plotes
(pontos de radar) inexplicáveis e fizeram, inclusive, contatos visuais,
mas até hoje não há soluções concretas para o ocorrido.

A
situação teve início por volta das 19h, quando o Coronel Aviador Ozires
Silva comandava o queCoronel Ozires Silva podia ser um de seus últimos vôos na Embraer, já
que estava deixando a presidência desta, para assumir a da Petrobrás.
Após quase duas horas voando a bordo de um turboélice Xingu, já próximo
a Poços de Caldas e a 22 mil pés de altitude, o Coronel Ozires e seu
co-piloto Alcir Pereira da Silva foram surpreendidos com um
questionamento do CINDACTA I. O controlador deste Centro perguntava
sobre um possível contato visual com três alvos não-ídentificados, que
apareciam no radar.
 

Sem que avistassem algo, resolveram então manter a proa,
aproximando-se de São José dos Campos, na direção indicada pelo
controlador. Foi assim que, mais tarde, avistaram algo com aparência
semelhante a de um astro. Uma luz muito forte e fixa no espaço. Sua cor
era a de um forte amarelo, com tendência ao vermelho. Por volta das
22h, quanto mais se aproximavam do objeto, mais ele desvanecia, até
desaparecer por completo. Decidiram então, voar para leste, cruzando o
Aeródromo de São José, rumo a um segundo objeto aparentemente situado
ao sul de Taubaté. Abaixo de seu nível de vôo, a cerca de 600 m do
solo, se depararam com uma nova luminosidade, com a aparência de uma
lâmpada fluorescente. Era difícil acreditar que o controlador tivesse
esse objeto em seu radar, já que se encontravam voando baixo e a 250 km
da antena do radar de Sorocaba.

Este acontecimento foi apenas o início de uma noite misteriosa, na
qual cinco caças da Força Aérea Brasileira foram empregados na
tentativa de identificar tais objetos. Este tipo de acontecimento não é
usual, mas a urgência em identificar aqueles plotes radar foi
determinante para que o CINDACTA I acionasse os caças naquela noite.

O que os controladores estavam vendo em suas telas naquele momento
não constituíam tráfegos de aviões, e nem nuvens. Aqueles pontos não
estavam dentro das configurações dos computadores do Controle de
Tráfego Aéreo como um retorno radar habitual, e a situação foi
imediatamente reportada ao CINDACTA I em Brasília, que, por sua vez,
repassou a informação para o Centro de Operações de Defesa Aeroespacial
(CODA). Eram 21h20m quando o Chefe do CODA, o então Major Aviador Ney
Antunes Cerqueira, que já havia sido informado sobre a ocorrência,
chegou ao Centro de Operações Militares (COpM). Sua primeira
providência foi acionar o avião de alerta da Base Aérea de Santa Cruz,
no Rio de Janeiro, para que este interceptasse sem demora o alvo
não-identificado. No Rio de Janeiro, o piloto do alerta era o Tenente
Aviador Kleber Marinho, hoje Primeiro-Tenente da Reserva, com 250 horas
voadas em caças Northrop F-5 e um total de 900 na Força Aérea: "Como
piloto de alerta naquele dia, fui contatado pelo oficial de
permanência, na Vila dos Oficiais, local onde morava. A informação
passada era a de que o piloto de alerta havia sido acionado, e então,
por doutrina e treinamento, eu me dirigi diretamente para o avião e só
depois da decolagem é que recebi as específicas instruções necessárias
à minha missão. O piloto de alerta não precisa passar pela burocracia
de um vôo normal. O avião já está preparado para a decolagem." Com os
motores rugindo, o F-5 decolou rumo ao manto da noite. Eram 22hl0m.

O primeiro caça a decolar na noite de 19 de maio de 1986 foi um F-5E pilotado pelo Tenente Aviador Kleber Caldas Marinho. Hoje, ele continua pilotando aeronaves na Varig Ao mesmo tempo, outro alvo
era detectado a nordeste de Anápolis, no longínquo Estado de Goiás, o
que fez com que os pilotos de caça sediados na Base Aérea daquela
cidade também fossem acionados. O primeiro a decolar, em um dos F-103
Mirage, foi o então Capitão Aviador Rodolfo da Silva Souza. É
importante frisar que os radares, até então, eram desenvolvidos para
detectar alvos de, no mínimo, dois metros quadrados, mas não permitia
ainda que o seu operador conseguisse avaliar as suas reais dimensões.
Na Base Aérea de Santa Cruz, um segundo avião foi acionado. "Foi uma
tremenda coincidência", diz o então Capitão Marcio Brisola Jordão,
segundo piloto de F-5 a levantar vôo naquela noite. "Eu não estava
escalado de alerta. Tinha ficado em Santa Cruz para estudar para uma
prova de ensaio em vôo. Quando o alerta foi acionado, pensei que era
treinamento e continuei estudando, até que o soldado de serviço veio
com a informação de que estavam precisando de outro piloto para voar.
Ele só disse que havia alguma situação de detecção de contatos
desconhecidos e que até o avião reabastecedor deveria ser acionado".
"Sempre tem um avião reserva preparado", diz Jordão, "no caso, quem não
estava preparado era eu, o piloto! Mas eu é que estava no Esquadrão e
então fui. O Kleber foi o primeiro. Para a gente, era um treinamento
normal, mas, com a evolução da situação, outro F-5 foi acionado". Antes
de decolar, o Capitão Jordão ainda ligou para o Centro de Operações
Militares em Brasília, para saber o que estava acontecendo. Foi com a
informação de que os radares plotavam diversos alvos em diferentes
pontos do céu brasileiro, e foi com a expectativa de contatar algum
destes alvos, que ele levantou vôo, por volta de 23h15m.
 

A ordem dada aos pilotos foi de interceptação sem assumir uma
postura agressiva. Nestes casos, como procedimento padrão, decolaram
armadas com canhões, mas sem a intenção de utilizá-los. Outras duas
aeronaves, pilotadas pelo Capitão Armindo de Souza Viriato e pelo
Capitão Julio Cezar Rozenberg, ainda decolaram da Base Aérea de
Anápolis, totalizando cinco diferentes tentativas de interceptação.


A INTERCEPTAÇÃO

"A decolagem foi normal, fiquei em torno de 20 mil pés na direção de
São José dos Campos. Por orientação da defesa aérea, desliguei todos os
equipamentos de bordo: radar, luzes de navegação… Fiquei apenas com o
rádio de comunicação ligado", conta o Tenente Kleber. E continua: "Como
os alvos não possuíam equipamento algum que transmitisse qualquer onda
eletromagnética, não era possível saber a altura em que voavam. Toda a
orientação que me foi dada era para que eu fizesse procuras visuais. De
acordo com os radares de Brasília, eu deveria olhar para as minhas 2
horas e 11 horas, alto e baixo. Mas eu não via nada." Quando mais
próximo de São José, o controlador radar passou a dar instruções mais
incisivas para que o piloto olhasse para a sua esquerda: "Eu estava bem
em cima da fábrica da Embraer e nada havia avistado até então. Em
função destes alvos aglomerados na minha esquerda, o controlador pediu
que eu fizesse uma curva pela direita e voltasse em direção a Santa
Cruz, com 180 graus defasados."

Assim que se estabeleceu nesta curva, o Tenente Kleber foi instruído
a olhar para a sua direita, o que em nada acarretou novamente. Como o
controlador tinha os alvos no radar, comandou ao piloto uma curva para
cima deles, com a proa do mar: "Eu efetuei a curva, estabilizei a
aeronave na proa que ele havia recomendado e, como pedido, comecei a
fazer uma varredura visual. Foi neste momento que eu avistei uma luz
muito forte que se realçava em relação a todas as luzes no litoral.
Estava um pouco mais baixa do que eu. A impressão nítida que eu tive,
naquele momento, era de que ela se deslocava da direita para a
esquerda". Como a visão noturna é muito crítica, pois deixa o piloto
sujeito a uma série de erros de avaliação, e como o F-5 não tem piloto
automático, o Tenente Kleber teve muito cuidado em estabilizar a
aeronave naquele momento. "Olhei para aquela luz. O seu movimento era
muito evidente para mim. Perguntei à Defesa Aérea se existia algum
tráfego naquele setor no momento, devido à proximidade com a rota da
ponte-aérea, na época. Fui informado que não. Não existia aeronave
alguma no local naquela hora. Informei então ao controlador que eu
realmente estava vendo a luz se deslocando na minha rota de
interceptação, às 2 horas (à minha direita), um pouco mais baixo do que
a posição da minha aeronave. Foi naquele momento que eu pude ter uma
noção da altura do contato, algo em torno de 17 mil pés. Imediatamente
recebi a instrução de aproar aquele alvo e prosseguir com a aproximação
e sua possível identificação."

perseguição O
Tenente Kleber, então, abriu a pós-combustão do F-5, atingindo
velocidade supersônica e começou a ir em direção à luz que via no
horizonte: "Não havia muito tempo para pensar, nem para sentir medo. É
a adrenalina que funciona na hora. Você tem o avião para voar, está em
um vôo noturno, supersônico, sujeito à desorientação espacial… Eu
confesso que não tenho recordações exatas dos meus sentimentos naquele
momento. A única coisa que eu sabia é que tinha que ir para cima do
alvo e, à medida que as coisas vão acontecendo, e devido ao nosso
treinamento, as reações passam a ser um pouco automáticas."

"Comecei a descer, indo diretamente para o alvo, mas tomando todo o
cuidado com uma possível ilusão de ótica, proporcionada pela visão
noturna. Eu podia estar vendo uma luz dentro d’água, um grande navio
com holofote… Por este motivo eu não quis ficar apenas com a
orientação visual e liguei meu radar, mesmo sem instrução de fazê-lo.
E, realmente, a cerca de 8 a 12 milhas, um alvo apareceu na tela, confirmando a presença de algo sólido na minha frente.
Isto coincidia com a direção da luz que eu havia avistado. Nos radares
que equipavam os caças da época, o tamanho do plote varia de acordo com
o tamanho do contato. O radar indicava um objeto de cerca de 1 cm, o
que significa algo na envergadura de um Jumbo (Boeing 747)."

"Cheguei perto do alvo, posicionando-me a cerca de seis milhas de
distância dele, o que ainda é longe para que possa haver uma
verificação precisa, ainda mais à noite. O alvo parou de se deslocar na
minha direção e começou a subir. Eu não perdi o contato radar inicial e
passei a subir junto com ele. Continuei seguindo o contato até cerca de
30 mil pés, quando perdi o contato radar e fiquei apenas com o visual.
Mas, naquele momento, aquela luz forte já se confundia muito com as
luzes das estrelas."

"Os meus rádios de navegação selecionados em Santa Cruz já estavam
fora de alcance. Em determinado momento, as agulhas do meu ADF deixaram
de ficar sem rumo e indicaram a proa. A minha janela do DME, que estava
com a flag, indicou 30 milhas fixas, sem qualquer razão para isso. O
combustível já estava chegando no limite, devido ao grande consumo das
velocidades supersônicas e eu tive que voltar. Menos de um minuto
depois que aproei em Santa Cruz novamente, meu ADF voltou a ficar sem
qualquer informação e a janela do meu instrumento DME fechou de novo,
deixando de aparecer."

A noite de 19 de maio de 1986 ficou famosa mundialmente. Foi a primeira vez que autoridades governamentais de um país divulgaram, com naturalidade, a existência em seu espaço aéreo de objetos voadores não-identificados. Naquela noite, os radares do CINDACTA 1, sediado em Brasília, mas que cobre toda a Região Sudeste, além da Capital Federal, captaram inúmeros plotes não-identificados e com perfis de vôo incomuns. Para identificá-los foram acionados cinco aeronaves interceptadoras em alerta nas Bases Aéreas de Santa Cruz, no Rio de Janeiro, e de Anápolis, em Goiás. Este mapa mostra a área na qual ocorreram os contatos, os sítios radares que acusaram contatos e o posicionamento dos objetos voadores não-identificados. Arte: Alex Argozino

O primeiro piloto de Mirage a decolar da Base Aérea de Anápolis foi o então Capitão Aviador Rodolfo da Silva e Souza. Durante seu vôo, os contatos detectados pelos radares do CINDACTA pareciam se deslocar evitando o seu Mirage. Experiente, Rodolfo ainda viria a comandar o 3º/10° GAV, Esquadrão Centauro, com sede na Base Aérea de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Hoje vive em Brasília (DF) Já na
Base Aérea de Anápolis, no interior de Goiás, uma situação semelhante
estava prestes a acontecer. O piloto de alerta daquela noite era o
Capitão Aviador Rodolfo da Silva e Souza, que possuía na época
aproximadamente 500 horas de F-103 e que estava em sua casa no momento
do chamado. O bip que ele portava emitiu um sinal de chamada e uma
mensagem de acionamento do alerta, por volta das 23h. O piloto deveria
se dirigir imediatamente à Base Aérea, e foi o que ele fez.

"Ao chegar, eu me dirigi, juntamente com os demais membros da equipe
de alerta, imediatamente para os hangares, onde estavam posicionadas
duas aeronaves F-103E. A equipe de manutenção já havia completado o seu
trabalho e nos esperava, ao pé da escada, com as aeronaves prontas e
armadas para a decolagem. Completei os cheques previstos para antes da
partida e entrei em contato com o Oficial de Permanência Operacional
(OPO) para informar que estava pronto. De imediato, recebi ordem para
acionar o motor e decolar isolado. Meu ala permaneceu no solo".

Ao iniciar o táxi, o Capitão Rodolfo entrou em contato com a torre
de controle. Recebeu instruções para curvar, após a decolagem, para o
setor noroeste do aeródromo, e iniciar a subida em potência máxima para
o nível 200 (20.000 pés): "Em seguida, fiz contato com Anápolis, que me
passou, de imediato, para a freqüência do COpM que controlaria a
interceptação. A primeira informação que recebi foi de que meu alvo se
encontrava a uma distância de 100 milhas da posição em que eu estava.
Pude perceber que o tempo estava bom, não havia nuvens e nem a lua
aparecia. O céu, completamente estrelado, fazia um belo contraponto com
a escuridão da noite".

Quando foi informado de que o alvo já estava dentro do alcance de
seu radar de bordo, o Capitão Rodolfo passou a observar atentamente a
tela, buscando encontrar o plote que indicasse a sua presença. Mas nada
aparecia: "À medida que a distância diminuía, como não conseguia
contato em meu radar de bordo, passei simultaneamente a realizar uma
busca visual no espaço aéreo em torno da posição informada pelo COpM.
Só que, mais uma vez, nada apareceu."

Já que estava em situação de plotes confundidos, quando piloto e
alvo estão a menos de uma milha de distância um do outro, e como não
havia contato visual, o Capitão Rodolfo recebeu instruções para entrar
em órbita sobre o ponto, e continuar a busca: "Ainda estava nesse
procedimento, sem sucesso, quando recebi a informação do controlador de
que meu alvo havia mudado deposição e agora estava em outra direção, a
50 milhas de distância. Fui então orientado para essa nova
interceptação". Ao atingir o local onde o alvo supostamente deveria
estar, não houve contato no radar de bordo e nem visual. A orientação
dada foi para que o piloto baixasse o nível de vôo e realizasse uma
órbita, em busca de algum contato visual. "Sem sucesso nesse
procedimento, fui novamente informado de outra alteração no
posicionamento do alvo e recebi novas orientações para uma terceira
interceptação. Mais uma vez, não houve qualquer contato radar ou
visual. Fui orientado a baixar ainda mais o nível de vôo, permanecendo
em órbita sobre o ponto determinado, e continuando a procura. Depois de
algum tempo nessa busca, e tendo em vista que minha autonomia de vôo já
havia atingido o nível suficiente apenas para permitir o meu retorno
seguro para o aeródromo, recebi instruções para o regresso."

Por volta de 22h:45m, portanto pouco depois do Mirage do Capitão
Rodolfo, havia decolado de Anápolis o então Capitão Armindo de Souza
Viriato de Freitas, pilotando outro F-103. De acordo com relatos, seu
contato com o alvo foi feito apenas através de seu radar de bordo, não
tendo havido contato visual. O que mais surpreendeu o piloto foi a
incrível velocidade do alvo, e seu repentino desaparecimento. Sem nada
ter visto, em poucos minutos o Mirage do Capitão Rodolfo tocava a pista
da Base Aérea de Anápolis. "Após o pouso, fiz um contato telefônico com
o meu controlador, para o debriefing rotineiro da missão. Só
assim tomei conhecimento dos outros F-103 que haviam sido acionados.
Eles decolaram depois de mim, para a averiguação de diversos
contatos-radar, plotados nas telas do CINDACTA, em pontos diferentes da
Região Centro-Oeste. Ao terminar os procedimentos pós-vôo de praxe, fui
liberado e autorizado a retornar para minha residência, onde cheguei
por volta de 1h30m. Uma hora mais tarde, fui acordado por um novo
acionamento do bip. Era outro alerta. Ao chegar à Base e entrar
novamente em contato com o OPO, a orientação, desta vez, era para que o
alerta fosse mantido a postos, e as aeronaves prontas para a decolagem.
O meu ala e eu ficamos assim por cerca de 45 minutos. Quase às 4h,
recebemos a informação de que o alerta estava suspenso, e nós,
liberados."

O Capitão Aviador Marcio Brisola Jordão foi acionado para decolar um segundo F-5E da Base Aérea de Santa Cruz. Seu vôo resultou na visualização de uma luz, porém, sem conclusões definitivas O
segundo piloto a decolar da Base Aérea de Santa Cruz, por volta de
23h15m, o Capitão Marcio Brisola Jordão, também conta a sua
experiência:
"Uma coisa que chamou a minha atenção naquela noite foi a claridade do
céu. Eu nunca havia visto uma noite tão clara. Sabe aquela noite que
você anda de carro com a luz apagada e consegue ver tudo? Dava para ver
o Vale do Paraíba, até São Paulo. Não havia nebulosidade. Era possível
ver o contorno das montanhas no chão. Uma visibilidade sob a qual
poucas vezes eu voei. Indo em direção a São José dos Campos, fui
instruído por Brasília a fazer o cheque de armamento. Foi aí que me
informaram que havia cerca de cinco contatos na minha frente, e a umas
15 milhas de distância. Eu não via nada no radar do avião e nem do lado
de fora, mas a informação era de que eles estavam se aproximando cada
vez mais. Dez milhas, cinco milhas, três milhas, e eu pensando que não
era possível, em uma noite daquelas, eu não estar enxergando o tal
contato".
 

O controlador então informou ao piloto do F-5: "Agora estão atrás
de você, te acompanhando, como se estivessem na sua ala", mas ele não
via nada. "Tive autorização para fazer um 180, e continuei sem ver
coisa alguma. Fui pra São José dos Campos, voando a cerca de 15 mil
pés, e comecei a fazer órbitas. Chamei o Kléber na freqüência tática
para saber se ele tinha avistado alguma coisa. Ele disse que sim, mas
que, quando tentou ir atrás, o contato sumiu. Quando eu estava em cima
de São José dos Campos, olhei em direção à Ilha Bela e, pela primeira
vez, vi uma luz vermelha, parada. Para mim, estava no nível do
horizonte, mas eu estava olhando para o oceano, o que me fez acreditar
que podia ser um barco muito longe, ou algum outro tipo de iluminação.
Era como luz de alto de edifício. Ficou parada, não mudou de cor, não
piscou e nem se mexeu. Eu avisei ao controle que estava vendo uma luz
na proa, 90 graus em direção ao oceano. Como confirmava com o contato no radar de terra,
fui instruído a ir em sua direção. Entrei supersônico para acelerar, e
a luz nem se mexia. Fui informado de que ela estaria andando na mesma
velocidade que eu. Fui mantendo esta navegação até dar o meu
combustível mínimo, e tive que voltar. Para mim, que decolei com uma
expectativa dada por Brasília, foi a maior frustração da minha vida. A
luz que vi podia ser um barco no horizonte ou, quem sabe, ser mesmo
alguma outra coisa. Mas é leviano chegar a qualquer conclusão."

Em Anápolis, um quinto piloto ainda participou da missão de
interceptação: o então Capitão Aviador Júlio Cezar Rozenberg, na época
com 1.900 horas de vôo em caças, sendo 550 em Mirage. "Era um dia
normal no Primeiro Grupo de Defesa Aérea, até a hora em que o meu bip
tocou de madrugada. O alerta havia sido acionado. Eu estava dormindo e
levantei sem nem saber que horas eram. Faz parte da rotina. Eu me vesti
e no caminho da Base fiquei me questionando se aquilo seria apenas mais
um teste. Eu esperava voar, afinal, não há nada mais chato do que ir
para o hangar do alerta, abastecer e ser dispensado. Toda missão da
Defesa Aérea é real até ser cancelada, então vesti o traje anti-g, o
colete e o mecânico confirmou a aeronave pronta. O armamento também
estava certo e municiado. Haviam se passado 22 minutos desde que o
alerta tinha sido dado. Preparei-me para decolar imaginando o que
estaria acontecendo. Pela proximidade com Brasília, imaginei que
estivesse atrás de algum vôo comercial, mas, se fosse, eu teria
avistado as luzes anticolisão. Fui seguindo todos os comandos do
controlador. A noite estava linda, com a visibilidade ilimitada. Era
possível ver tudo lá embaixo, desde as cidades até os faróis dos
carros".

O Capitão Júlio Cezar Rozenberg, hoje Coronel Aviador da Reserva, servia no 1ºGDA na noile de 19 de maio de 1986. Antes de deixar o serviço ativo foi Comandante do l°/4º GAV (Esquadrão Pacau) "Fui
instruído a elevar a minha altura. Verifiquei mais uma vez o radar de
bordo e desci um pouco a varredura da antena. Continuei acompanhando o
radar de bordo e buscando algo no visual. A nossa distância, informada
pelo controlador, era de apenas três milhas e eu continuava sem
enxergar nada. Imaginei que eram os F-5 do Grupo de Caça, vindo atacar
a Base em missão de treinamento. Pedi para o controlador me aproximar
ainda mais até ‘confundir’ os plotes, com minha chegada vindo por trás.
Achei que o contato iria, finalmente, acender as luzes, afinal, eles
deveriam estar ouvindo a interceptação pelos canais da Defesa Aérea. O
controle anunciou uma milha na proa, mas eu não tinha nada no radar, e
nem no visual. 0 meu vôo durou cerca de 30 minutos e, depois das
tentativas de busca, regressei à Base, sem fazer qualquer tipo de
contato".
 

Depois de tudo mais calmo nas bases aéreas do país, já por volta
das 3h, quando, aparentemente, os céus brasileiros não eram mais
freqüentados por nada fora do normal, um vôo cargueiro da Varig,
decolado de Guarulhos para o Galeão, no Rio de Janeiro, também teve
participação nos acontecimentos. O Comandante do Boeing 707 cargueiro,
Geraldo Souza Pinto, o co-piloto Nivaldo Barbosa e o Engenheiro de
Bordo Guntzel e o então Capitão Aviador Oscar Machado júnior, à época
servindo no 2º/2° GT e em instrução de vôo no equipamento 707, não
faziam idéia do que estava acontecendo: "Quando cruzávamos cerca de 12
mil pés, o CINDACTA nos chamou no rádio e pediu para que confirmássemos
se víamos algum tráfego na posição de 11 horas. É normal que isto
ocorra, mas estranho foi quando, após respondermos negativamente, ele
ter dito: ‘Para sua informação trata-se de um OVNI (Objeto Voador Não-Identificado)’", relata o comandante.

"Olhamos um para o outro, imaginando que não havíamos entendido
direito o que viera pelo rádio e pedimos para que a informação fosse
repetida. O controle confirmou a informação e ainda disse que, desde
aproximadamente às 22h daquela noite, estavam aparecendo objetos
não-identificados, como plotes no radar. Foi aí que soubemos que, mais
cedo, a Força Aérea já havia sido ativada. Nessa hora confesso que
senti uma emoção indescritível. Perguntamos se o contato estava no
radar deles, e a resposta foi positiva. O controlador nos disse que a
sua posição naquele momento era de 11 horas em relação a nossa aeronave
e pediu para que tentássemos avistá-lo. Foi nesta hora que eu o vi. Uma
luz muito forte brilhou, como um farol branco. A emoção que eu tenho
até hoje se confunde com a certeza de que ele estava acompanhando a
nossa fonia. No mesmo momento em que nos perguntaram se estávamos
avistando o tráfego e eu respondi que não, ele piscou, como quem díz: ‘Estou aqui!‘"

"Nós não tínhamos noção da altura do tráfego,
pois os radares dos aviões comerciais são meteorológicos e, diferente
dos caças, têm muita dificuldade de captar outra aeronave. Eles não são
feitos para isso. O controlador também não podia saber a altura do
objeto já que, sem transponder, tudo o que ele vê é a dimensão única do
radar, sem diferença de altitude. O objeto estava próximo de Santa Cruz
e a nossa distância era em tomo das 90 milhas. O que eu posso dizer é
que ele estava, visualmente, a uns 20 graus mais alto do que nós.
Atingimos nossa altitude de cruzeiro de 23 mil pés, e durante todo o
vôo o controlador foi nos informando sobre a aproximação. Passou para
60 milhas, depois 50, o tempo todo na nossa proa."
 

Os tripulantes do Boeing abaixaram as luzes de dentro da cabine,
acenderam os faróis externos buscando visualmente o contato: "Éramos
quatro tripulantes no cockpit escuro de um avião cargueiro, buscando os
céus ávidos de encontrar uma explicação sobre aquilo que tanto se
aproximava do nosso 707. De repente, eu olhei para o Nivaldo e reparei
na expressão dele, como se ele quisesse me mostrar alguma coisa. Ele
disse que algo tinha se deslocado deixando um rastro luminoso, mas
poderia ser um meteorito, o que seria muito comum. O controlador nos
avisou, então, que o alvo havia se deslocado em alta velocidade para a
nossa direita, atingindo, em fração de segundos, uma velocidade
incrível, algo acima de Mach 5. Um ser humano não agüentaria uma
aceleração dessas. Ele morreria com tal deslocamento!".

O objeto, nesta hora, desapareceu para o lado direito, e depois
voltou exatamente para a proa do avião, já em uma distancia menor,
segundo o piloto. "Nós estávamos a umas 30 milhas dele. A impressão que
dava era de que o contato estava se deslocando em baixa velocidade, e
nós é que estávamos nos aproximando dele. A aproximação continuou. O
radar ia nos avisando as distâncias: quinze milhas, dez, cinco… Na
melhor das hipóteses entraríamos para a História!", brinca o Comandante
Souza Pinto. "Mas eu olhava, olhava e não via mais nada. Aí o
controlador falou: ‘Três milhas, duas, uma.. Varig, o tráfego está se fundindo com o plote do seu avião.
Nós olhávamos para cima, para baixo e não víamos nada! O Controle nos
informou, então, que o alvo estava passando para trás da aeronave, mas
começou a ter muita interferência no solo e o radar o perdeu de vista."


CONCLUSÕES FINAIS

Duas décadas se passaram desde "A noite dos OVNIs", sem que se possa
ter chegado a alguma conclusão científica sobre o ocorrido. As
considerações de quem vivenciou esta experiência são as melhores formas
de se avaliar o fato e de se chegar às suas próprias conclusões. O que
sobrevoava o território brasileiro naquela data, provavelmente, vai
continuar sendo um mistério pelos próximos anos.

O Ministro da Aeronáutica na
época, Brigadeiro Octávio Júlio Moreira Lima, diz que, até hoje, mesmo
com os relatos dos pilotos e dos controladores, não há como se chegar a
uma conclusão definitiva: "Há muitas hipóteses. Pode ter sido um
fenômeno eletromagnético, uma interferência qualquer… Mas a situação
continua indefinida. Só acho importante lembrar que ilusão de ótica o radar não registra",
diz. "Já o piloto, sim, ainda mais à noite, está sujeito a ter ilusões
de ótica fantásticas. Voando em cima da água, por exemplo, você vê o
céu lá embaixo, por isso tem que voar por instrumentos. Há casos de
pessoas que viram coisas estranhas, mas a maioria das histórias é mesmo
fantasiosa. Então, uma autoridade tem que ter muito cuidado para nao
tornar crítica uma situação que já é alarmante. Quando alguém se depara
com um contato, informa ao tráfego aéreo, que vai reportar aos centros
integrados, situados em Curitiba (PR), em Brasília, em Recife (PE), e
na Amazônia… Estes centros estão em permanente comunicação, é tudo
automatizado. Fui informado logo de imediato. Quando ocorre uma
situação dessas, o Comando Geral do Ar logo dá ciência ao Ministro. E a
partir dai que os procedimentos de interceptação são disparados. E foi
assim que ocorreu. Os caças levantaram vôo apenas com ordem de
verificação. Em nenhum momento foi mantida uma postura agressiva. Como
poderíamos atirar em algo que desconhecíamos? As luzes foram plotadas
no radar e tínhamos que tentar identificá-las. Não existe aquela
preocupação de decolar com mísseis, como nos filmes. Os aviões de
permanência geralmente estão armados. Eles ficam 24 horas com os
pilotos do lado, prontos para serem acionados em minutos, mas, a
principio, sem ordem de disparo".
 

As opiniões sobre o fato variam de uma pessoa para outra. Mesmo
quem não conseguiu fazer qualquer tipo de contato tem as suas próprias
idéias. É o caso do Capitão Júlio Cezar Rozenberg, hoje Coronel da
Reserva, que teve que se contentar em ouvir os relatos alheios: "No dia
seguinte, vi as manchetes nas televisões e nas rádios anunciando várias
interceptações de OVNIs ocorridas tia noite anterior. E justo eu, um
apaixonado pelo assunto, não vi nada! Mas cheguei perto. Acho que em um
Universo infinito destes, com diversas possibilidades, não tem por que
estarmos sozinhos". Pensamentos semelhantes tem o próprio Brigadeiro
Moreira Lima: "Muitas vezes me perguntam se eu acredito ou não na
presença de objetos voadores não-identificados naquela noite", revela o
Brigadeiro. "Eu não acredito e nem desacredito, pois, assim como o
Universo, isto é algo além da nossa compreensão. Chega a um ponto em
que coisas extrapolam nosso entendimento e é assim que se iniciam as
especulações. Eu sempre digo o seguinte: nós somos produtos do
Universo. Produtos químicos, físicos, de todas as formas. Será que este
produto só existe aqui na Terra? Há bilhões de estrelas e planetas por
aí".

O Tenente Kleber, hoje oficial da reserva e voando na Varig como
comandante, mesmo depois de ter feito os seus relatórios, confessa que
não chega a conclusão alguma: "Eu tive contato visual e contato eletrônico. Era algo sólido.
Dizem que naquele lugar há muita anomalia magnética, mas eu não
acredito que seja isso. As anomalias têm movimentos irregulares,
aleatórios. No meu relatório, eu pedi que fosse averiguado se havia
algum porta-aviões próximo à costa, ou alguma aeronave que poderia
estar sobre o nosso espaço aéreo, efetuando contramedidas eletrônicas,
o que permitira colocar um plote nos radares. Nada do que eu presumi
foi confirmado. A partir daí, afirmar que acredito em OVNIs, ou que
aquilo era, de fato, um OVNI, já é outra coisa. Cada um vai tecer a sua
opinião. Acho que esse Universo é muito grande para que só nós
existamos nele. Seria muito egoísmo da nossa parte acreditar nisso, mas
a verdade é que ficamos sobre uma linha muito tênue. Era a posição que
eu tinha na época, o avião que eu estava voando, e todas as minhas
crenças. Então, eu prefiro me referir apenas à parte técnica".

Para
quem acompanhou e participou dos bastidores da história diante das
telas dos radares, como o Major Aviador Ney Antunes Cerqueira, hoje
Coronel da Reserva, havia sim alguma coisa sobre o Brasil naquela
noite: "Só não podemos afirmar o que era. Mas, mediante a coincidência
de detecções radares distintas e, simultaneamente, a detecção radar das aeronaves,
não podemos negar a existência de algo. Acontece que nós não tínhamos
meios técnicos para verificar visualmente como eram esses alvos, apesar
do contato visual que os pilotos fizeram. Como explicar, por exemplo, os instrumentos de bordo dos F-5, que ficaram prejudicados durante o ocorrido?
O rádio, porém, não sofreu nada, e a comunicação pôde ser mantida o
tempo todo. Havia, inclusive, as fitas com as conversas entre
controladores e pilotos. Elas foram exaustivamente analisadas. Foi
feito também um relato, na época, mas não posso afirmar onde as fitas
se encontram agora. Provavelmente nem existam mais. Quando eu deixei o
cargo de Chefe do CODA, as investigações já tinham sido encerradas.
Analisando como técnico da Defesa Aérea, pois esta era a função que eu
desempenhava, posso dizer que nós só lidamos com a realidade.
Desde que tudo aconteceu, eu sempre confirmei a presença dos alvos. Se
tirarmos a conclusão de análise técnica, mesmo depois de avaliar a fita
do radar de Brasília, Santa Cruz e Pico do Couto, em Petrópolis, é
possível verificar que realmente ocorreu uma coisa estranha. Durante um
tempo, o objeto ficava parado no espaço, depois, desenvolvia
velocidades acima de Mach 3. As variações eram algumas vezes instantâneas,
outras gradativas. Os alvos circundavam as aeronaves e mudavam de
direção em relação a elas. Estes movimentos não permitiram maior
aproximação. Tudo o que foi avistado eram luzes com variações intensas.
Eu poderia até dizer, que, de alguma forma, eles queriam, sim, ser
vistos. Então, ainda fica a incógnita. Que existiu, existiu. O quê? Eu
não posso afirmar. Mas são acontecimentos que marcam a mente das
pessoas, porque são fatos muito incomuns. Eu, com certeza, não vou me
esquecer nunca daquele 19 de maio".
 

O Comandante do Boeing Geraldo Souza Pinto, após ter feito seu
relatório, não foi chamado para dar qualquer esclarecimento. "A maioria
das pessoas nem sabe que às 3h ainda tinha um objeto lá em cima. Na
verdade, muita gente nem gosta de falar sobre isso, mas foi uma coisa
que eu vi. Sinceramente, acho um privilégio!", diz. Ele também confirma
o fato de os pilotos terem muitas ilusões de ótica: "Eu mesmo já cansei
de ver Vênus aparecendo de forma estranha, e muita gente acha que é um
OVNI. O avião vai passando por densidades diferentes do ar, o que causa
efeitos de refração, e as coisas parecem estar se mexendo ou mudando de
forma. Dessa vez, porém, houve a confirmação no sistema de radar, o que
nos prova que não era uma ilusão. Podia ser um avião? No início achei que sim. Poderia ser um contrabandista, um avião de espionagem, eu não sei."

"Na época, houve várias entrevistas com pessoas de vários segmentos,
cada um tentando explicar de acordo com seu campo de conhecimento,
geralmente atribuindo a fenômenos físicos, químicos ou de âmbito
espiritual. Mesmo assim, eu não me convenço. E aquela aceleração? A localização precisa na proa?
O contato radar? A ‘coincidência’ de tornar-se visível ao contato rádio
inicial? Não encaixa. Era alguma coisa realmente fora do nosso
entendimento. Podia ser de outro planeta, daqui da Terra mesmo, enfim,
me resta apenas concluir que era um Objeto Voador Não-identificado, um
OVNI" relata o comandante.

Para o Brigadeiro Moreira Lima, sua forma clara de falar sobre o
assunto – afinal, ele foi uma das primeiras autoridades mundiais a
assumir publicamente a presença de OVNIs – foi um dos principais
motivos para o surgimento de tantas especulações: "Eu disse que faria
uma entrevista coletiva e fiz. Relatei o que eu sabia, o que foi de
fato o ocorrido, e que até hoje não podemos explicar. Quem sabe um
dia… No tempo dos canibais, um raio era uma informação dos deuses.
Acho que para tudo existe uma explicação, mas devo assumir que o
deslocamento dessas luzes era realmente absurdo, e aí fica mais difícil
entender. Pode-se imaginar qualquer coisa. Devo confessar que, nesse
aspecto, sou um pouco cético, não me impressiono fácil. Se a física não
explica hoje, ela, com certeza, vai explicar amanhã".

E nós, simples terráqueos, ficaremos aguardando…

Posted in UFO - OVNIS | Comments Off on A noite oficial dos OVNIs

Direto da fonte? Só se for fonte de boatos.

"Informação com credibilidade para ouvir a qualquer hora" é com esse slogan que o podcast do Estadão abre o direto da fonte com Sonia Racy . O título do programa é "Direto da Fonte – MST apresenta queda no número de militantes".
 
No podcast a "jornalista" alega, citando uma suposta fonte do INCRA, que o crescimento da economia brasileira está esvaziando o MST, pois a quantidade de empregos entre a população de baixa renda faz com que os pobres não encarem o MST como uma opção viável. Como comprovação dessa tese ela cita que o MST está sendo obrigado a convocar mulheres para as recentes manifestações. Demonstrando total desconhecimento do movimento social ela fala que as mulheres são recrutadas, principalmente, dentro da Via Campesina.
 
Evidentemente a "jornalista" esqueceu de verificar o que é a Via Campesina, se tivesse pesquisado ela saberia que o MST em si é a Via Campesina no Brasil. Não existe um movimento de base chamado Via Campesina, pois a Via é uma articulação de diversos movimentos camponeses do mundo inteiro. Falando na língua que esse povo entende: Via Campesina é só uma "marca" para demonstrar a aliança de diversos movimentos camponeses. Ou seja, as mulheres da Via Campesina às quais o MST teve que "apelar" são do próprio MST ou de seus movimentos irmãos, como o MAP, MAB e outros.
 
Outro elemento marcante nesse podcast é o desmerecimento para com as mulheres camponesas. A "jornalista" fala com um ranço machista que dá a entender que mulher não pode se manifestar, que lugar de mulher camponesa e sem-terra é na lona preta cuidando dos filhos. Se ela continuar seguindo a lógica desse podcast seu próximo programa falará que a situação do MST é tão desesperadora que estão convocando crianças para as manifestações, e usará a existência dos "sem-terrinhas" como prova do que tá falando, HAHAHAHAHA.
Posted in Movimentos Sociais | Comments Off on Direto da fonte? Só se for fonte de boatos.

Cúpula do Grupo do Rio: Correa e Uribe apertam as mãos. Quanto tempo dura o acordo?

O Grupo do Rio soltou uma resolução sobre a crise na América Latina que envolveu Equador, Venezuela, NIcarágua e Colômbia. Segundo a agência France Presse, a resolução rechaça a violação da integridade
territorial do Equador e afirma a "inviolabilidade" de Estado
"qualquer seja o motivo". O documento "toma nota das plenas desculpas"
que Uribe ofereceu ao Equador e de seu compromisso de que este tipo de
violação não se repetirá.

"Com o compromisso (da Colômbia) de nunca atacar um país irmão de
novo e pedir perdão, nós consideramos este incidente seríssimo
resolvido", disse Correa, antes do aperto de mão com Uribe. Logo
depois, o presidente equatoriano retomou a palavra e disse que o
problema da violação de seu território por parte do Exército colombiano não se resolvia com um aperto de mãos.

Porém, antes do desfecho, ficou claro que todos os países envolvidos na crise (Equador, Colômbia, Venezuela e Nicarágua) não fecharam suas feridas.  Esse trecho da discussão entre Uribe e Correa mostra claramente o que um realmente pensa do outro, independente do pedido de desculpas da Colômbia:

"Não posso aceitar que o Equador diga que não tem relações com as
Farc"
, disse Uribe. Correa tomou a palavra e
contestou: "Que difícil acreditar em quem mentiu tanto e tantas vezes".
Uribe respondeu: "Não me aplique esse cinismo nostálgico comunista."

Parece óbvio que a Cúpula do Grupo do Rio foi somente uma boa desculpa para que todos os envolvidos tenham tempo de se preparar pra um confronto futuro.  Arrisco dizer que a 2ª Guerra pela independência latino-americana está cada vez mais próxima, e os gringos vão atuar nela através de soldados colombianos.

Vídeo: Correa e Uribe se ofendendo


 

 

 

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Pálido ponto azul e o Tao Te Ching

Na última aula de Wushu, durante uma conversa sobre a linha filosófica do Tao Te Ching, meu professor sugeriu que assistíssemos o filme O Pálido Ponto Azul, disponível no Youtube. 

No final da conversa surgiram questionamentos sobre o princípio da não-ação (Wu Wei) que norteia o Tao Te Ching. Alguns se questionaram: um governo que se baseia no Tao Te Ching não faria nada para impedir o crime, a fome? Nosso professor disse que ouviu de outro professor que a não-ação  pode ser entendida como ação mínima, que esse governo teria que fazer o estritamente necessário e nada mais.

Um aluno falou "mas olha o mundo que vivemos, só o mínimo não adianta" e a conversa foi parar nos pensamentos de Confúcio, que para muitos tem uma filosofia oposta ao Tao, mas se levarmos em consideração o ensinamento taoísta de que tudo tem dentro de si o germe de sua oposição Confúcio pode ser entendido como complementar ao Tao. Essa conversa me fez pensar em um ditado que diz: "O chinês é confuciano na sociedade, taoísta na individualidade e budista na hora de morrer"

Mas no final das contas, como disse o meu professor citando um provérbio do Tao Te Ching: "O Tao que pode ser dito não é o Tao Verdadeiro".

Aos que se interessam nessa reflexão recomendo que leiam o Tao Te Ching (disponível aqui) e vejam o filme. 

Sinopse de O Pálido Ponto Azul:

No dia 14 de fevereiro de 1990, tendo completado sua missão
primordial, foi enviado um comando a Voyager 1 para se virar e tirar
fotografias dos planetas que havia visitado. A NASA havia feito uma
compilação de cerca de 60 imagens criando neste evento único um mosaico
do Sistema Solar. Uma imagem que retornou da Voyager era a Terra, a 6.4
bilhões de quilômetros de distância, mostrando-a como um "pálido ponto
azul" na granulada imagem.


Sagan disse que a famosa fotografia
tirada da missão Apollo 8, mostrando a Terra acima da Lua, forçou os
humanos a olharem a Terra como somente uma parte do universo. No
espírito desta realização, Sagan pediu para que a Voyager
tirasse uma fotografia da Terra do ponto favorável que se encontrava
nos confins do Sistema Solar.
 

 

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O sucesso da Blackwater

Retirado do site "Oriente Médio Vivo". 

 
Com a série de crimes, acusações e investigações protegidas pela administração Bush, seria normal que a “contratada de segurança” Blackwater sofresse com a sua imagem corporativa. Entretanto, muito pelo contrário, o que ficou claro é que a principal empresa de mercenários no Iraque cumpriu perfeitamente o seu trabalho, conforme o designado pelo governo dos Estados Unidos. Com novo nome e nova logomarca, a milícia está pronta para novos desafios.

A Blackwater emprega a maioria dos mais de 18 mil mercenários que agem ao lado das forças de ocupação no Iraque, contratados para “fazer o trabalho sujo” no país. Devido à sua imunidade legal, os mercenários cumprem as missões criminosas, como execuções de suspeitos e explodir alvos controversos – como a mesquita xiita de Samarra, que deu início à “guerra sectária”. De acordo com fontes iraquianas, muitos dos tiroteios em áreas civis, sunitas e xiitas, foram iniciados pela própria Blackwater. Antes do fim de 2007, a empresa teve seu contrato renovado com a administração Bush, ao assinar novos contratos federais.

Com a renovação do contrato, veio também a renovação da empresa. A Blackwater USA (como era o nome original) se transformou em Blackwater Worldwide, mudança que marca o sucesso corporativo do negócio. A ameaçadora logomarca original – uma pata de urso estilizada com uma mira de arma sobreposta – se transformou em uma pata de urso menos agressiva dentro de dois semi-ovais vermelhos, revelando a idéia de um globo terrestre, como o novo nome apresenta – Worldwide –, que se assemelha ao da logomarca da ONU. Ironicamente, em seu novo website, a empresa se classifica como “guiada por integridade, inovação e um desejo de um mundo mais seguro”.

Como o novo nome e logo indicam, a Blackwater não mais apenas tem a intenção de “proteger os Estados Unidos”, mas também todo o mundo. Entre os novos projetos federais da empresa estão a criação de uma subempresa intitulada Greystone, registrada em Barbados, que oferece, em suas próprias palavras, “pessoal dos melhores exércitos de todo o mundo”; a Prince’s Total Intelligence Solutions, dirigida por 3 veteranos da CIA, que oferece serviços como os realizados pela CIA para corporações e governos; um serviço de aviação da Blackwater, que conta hoje com mais de 40 aeronaves, destinado a operações de pouso em locais de difícil acesso (recentemente, o Brasil vendeu meia dúzia de Embraer EMB-314 Super Tucanos à Blackwater). Como ficou claro, a empresa de mercenários se consolidou como parte do governo estadunidense – o seu braço paramilitar.

Segundo o mais recente relatório oficial do governo estadunidense sobre a Blackwater, “a empresa de serviços de segurança esteve envolvida em pelo menos 195 tiroteios no Iraque desde 2005”. Em cerca de 80% desses casos, “a Blackwater abriu fogo antes de ser atacada”. Apesar disso, não há qualquer acusação formal contra a empresa sobre nenhum desses casos. Ainda em 2004, o Pentágono ficou em uma posição delicada quando vídeos publicados pela Resistência Iraquiana mostraram quatro mercenários mortos (contratados pela Blackwater), após estarem infiltrados em bairros xiitas de Bagdá. Outros contratados pela empresa foram detidos por forças iraquianas quando realizavam “operações de risco” em áreas não cobertas pela Blackwater, sendo mais tarde libertados por pressão dos Estados Unidos.

O sucesso corporativo da Blackwater deixou claro que, na era da globalização, as guerras se tornaram apenas mais uma indústria a ser explorada. Os crimes e escândalos causados pela organização não impediu o seu progresso financeiro – pelo contrário, o contrato foi renovado com o Pentágono, como se tivessem passado no primeiro grande teste. Com a nova Blackwater, considerada a mais radical privatização na história dos Estados Unidos, em que mercenários se tornaram oficialmente parte do aparato de guerra do governo, abre-se um novo capítulo da política de guerra do país. Enquanto esse sistema não for derrubado, o mundo é o limite para a Blackwater Worldwide – e, como as mudanças mostram, eles sabem disso.

Por Humam al-Hamzah

Oriente Médio Vivo

www.orientemediovivo.com.br

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Zeitgeist: Revelação bombástica, marketing de guerrilha ou teoria da conspiração?

Espírito do Tempo 

Zeitgeist é um termo alemão
cujo significado é "Espírito do Tempo".
O Zeitgeist significa, em suma, o nível de avanço
intelectual e cultural do mundo em uma época. A pronúncia
alemã da palavra é tzaitgaist, de acordo com o
Dicionário Escolar Michaelis de Alemão.

Já o Zeitgeist em questão
é Zeitgeist The Movie, um filme de 2007 produzido por
Peter Joseph (pseudônimo de James Coyman) da GMP LLC, que
apresenta uma série de teorias sobre as origens astrológicas
e pagãs do cristianismo, a conspiração por trás
dos ataques de 11 de setembro e os verdadeiros objetivos da sociedade
secreta que articlou a criação da Reserva Federal dos
Estados Unidos. O filme foi lançado online, livremente, via
Google Video
em Junho de 2007. 

Zeitgeist é dividido em três partes:

  • Primeira parte:
    "The Greatest Story Ever Told" ("A maior história
    já contada")

  • Segunda parte:
    "All The World’s A Stage" ("O mundo inteiro é
    um palco")

  • Terceira parte: "Don’t Mind The Men
    Behind The Curtain" ("Não se preocupe com os homens
    atrás da cortina")

A
primeira parte é uma análise crítica do
cristianismo, sugerindo que Jesus foi apenas um híbrido
literário e astrológico e que a bíblia é
uma miscelânea de histórias baseadas em princípios
astrológicos pertencentes a civilizações
antigas.

 


a segunda parte expõe evidências de que o governo dos
EUA já sabia dos ataques de onze de setembro e que a queda das
torres gêmeas foi uma demolição controlada. O objetivo de permitir tal trajédia, segundo Zeitgeist, é ter uma desculpa para iniciar uma nova fase do imperialismo norte-americano sob controle do império apátrida das corporações, que por sua vez são controladas por redes secretas de interesses.

 

A
terceira parte do filme, a que mais incomoda por ser extremamente
atual, afirma que a Reserva Federal dos Estados Unidos da América
foi  articulada por uma sociedade secreta, visando obter os
maiores lucros possíveis, nem que para isso seja necessário
delcarar guerras que obriguem o governo a se endividar com a Reserva
Federal.

 

O filme
mostra o quanto foi lucrado e quem lucrou com as seguintes guerras e
crises econômicas: crise de 1907, crise de 1929, Primeira
Guerra Mundial, Segunda Guerra Mundial, Guerra do Vietnã,
Iraque e Afeganistão. O filme também aborda os
preparativos para uma futura intervenção à
Venezuela (não fica claro como se derá essa
intervenção).

 

Zeitgeist
defende a tese de que o objetivo dessa sociedade secreta é o
controle da humanidade através de um governo mundial e uma
moeda unificada, cujas transações serão
efetuadas através de um chip implantado em cada ser humano. 

 

A três
partes do filme se entrelaçam entre si, principalmente a
segunda e a terceira, que têm em comum a participação
de diversas gerações da família Bush em seu
enredo. 

 

O ZDay: mobilização em rede com marketing viral e marketing de guerrilha

 

Por
enquanto, além do Google Video, o filme só tem
circulado pela internet através de programas P2P, como emule e
torrent. Fora da internet está se formando uma corrente que lembra muito o
marketing viral, onde os que assistiram o
documentário são estimulados a passar a mensagem para o
maior número possível de  pessoas. Geralmente,
quem assiste o filme até o fim sente uma angústia e
impotência, restando ao mesmo, à curto prazo, somente a
opção de passar a mensagem adiante; seja gravando
cópias do filme, convidando amigos à assistirem ou
simplesmente divulgando o link no Google Vídeo. Em menor escala pode-se supor que táticas de marketing de guerrilha estejam envolvidas na divulgação do filme, visto que o mesmo faz sucesso em redes sociais adeptas das teorias da conspiração, que são acostumadas à utilizar táticas desse tipo de marketing.

 

Visando
potencializar esse Marketing Viral de Zeitgeist seus protures estão articulando o
ZDay no dia 15 de março de 2008. O ZDay será um dia
mundial de exibições públicas e privadas de
Zeitgeist por fora do
mainstream. A articulação desse "dia
de ação global" está sendo centralizada no
site do filme, aonde consta uma listagem de todas as exibições
que estão sendo articuladas para esse dia. Há diversas
exibições sendo programadas no Brasil. Quem quiser organizar uma exibição é só baixar o filme e se inscrever no site.

 

É
visivel que essa é uma estratégia copiada dos Dias de
Ação Global, que eram articulados pelo movimento de
resistência globa
l (ou anti-globalização como a
mídia chamava), que teve seu auge entre os anos de 1998 e 2003. O site
de Zeitgeist incentiva diversas formas de ativismo baseadas nas teses do filme,
como uma campanha pela reabertura das investigações do
onze de setembro; uma campanha contra a implementação
da União Norte Americana (uma espécie de NAFTA
anabolizado inspirado na União Européia) e uma campanha
à favor do obscuro candidato republicano à presidência
Ron Paul
(libertarian ou anarco-capitalista), que é apoiado pelos produtores do filme por se opor
ao projeto da União Norte Americana, por ser contra o Patriotc
Act, contra a vigilância da internet e por defender do fim da
Reserva Federal.

 

Críticas
ao filme

 

Os
críticos de Zeitgeist falam que muitas evidências levantadas
não tem fontes claras, e questionam  o fato do filme
utilizar diversas cenas de noticiários sem datá-los ou
contextualiza-los e citações de livros sem falar o
número das páginas de onde essas citações
são tiradas, o que dificulta a verificação das
mesmas. Mas o maior ataque ao filme é taxa-lo de idiotice de
internet e nova moda dos aficcionados em Teorias da Conspiração.

 

Porém, com uma pesquisa mais atenciosa no site de Zeitgeist é possível encontrar todos os créditos e referências que seus críticos alegam não existir. Agora, se as fontes usadas no filme sao confiáveis fica a critério de cada um. Quem quiser conferir clique AQUI.
 

O que
importa nesse filme?
 

 

Creio que a novidade mais marcante envolvendo Zeitgeist é a forma como ele está sendo distribuído e divulgado, totalmente por fora do maistream e combinando técnicas colaborativas com táticas de mobilização em rede. É uma idéia que pode ser usada por outros produtores, campanhas políticas e redes de mobilização; desde que criem um produto com grande potencial de comoção como é Zeitgeist. 

 

Fora isso, independente
das críticas e elogios e do viés anarco-capitalista, o filme tem o mérito de expor
assuntos desconhecidos para a maioria das pessoas; como as controvérsias
no caso do onze de setembro, o papel da reserva federal, a história
das religiões, a União Norte Americana e outros temas
que são extremamente obscuros para a maioria da população. Não se pode esquecer que a iniciativa de divlgar o filme através de
dias de exibição expontãnea, organizadas por
pessoas comuns, é um grande incentivo à criação
de redes de trabalho ativista/militantes e à inclusão
de mais cidadãos comuns nos debates da vida pública. Talvez esse filme seja o primeiro passo na vida política de muita gente. Só espero que ignorem a mensagem de apoiar um anarco-capitalista como Ron Paul. 

 

Já a repercurssão que está dando nos países de língua portuguesa, especialmente o Brasil, é decepcionante. Dando uma fuçada nos fóruns de internet e comunidades que estão discutindo o filme percebe-se que o nível da discussão está bem baixo. A principal polêmica em torno dos debates é sobre a primeira parte do filme. O que tem de cristão que está revoltado, e anti-cristãos felizes, não é brincadeira. Em todos os fóruns só se discute isso, quase não se lê sobre a tese do onze de setembro ou da Reserva Federal. E pior, quando se discute as outras teses é pra falar coisas absurdas como: "Bush é enviado do diabo". Sei lá, acho que é reflexo da despolitização da sociedade brasileira. Aqui, a mentalidade de boa parte do povo ainda não chegou na modernidade e tem na religião o centro de tudo o que é sério na sua vida. Nosso zé povinho não consegue ir muito além do que conhece cotidianamente. Onze de setembro, Reserva Federal….ao que parece já é exigir demais.

 

http://video.google.com/googleplayer.swf?docId=-1437724226641382024

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Artes Marciais Portuguesas

Desde pequeno me interesso por artes marciais.
Quando criança e adolescente pratiquei Judô, Karatê Shotokan,
Taekwondo, Hapkido e Boxe. Mas como muitos jovens cometi a besteira de
me viciar em cigarro e adquiri o péssimo hábito de
"beber socialmente". Com o tempo esses desvios foram me afastando das
artes marciais até que, finalmente, desisti de praticá-las aos 20 anos de idade.

Porém,
nos ultimos dois anos e meio fui me livrando dos vícios que adquiri na
minha adolescência e há seis meses voltei a treinar totalmente "limpo". Atualmente, uma
boa parte do meu tempo livre invisto na pratica do Wushu
e em pesquisas sobre artes marciais. Foram nessas pesquisas que descobri
algo inusitado: duas Artes Marciais portuguesas, o Contato Total
Português e o Jogo do Pau.

Contato Total Português

O
Contato Total Português é uma "arte marcial militar" desenvolvida pelo mestre Adriano
Silva, ex-combatente das forças armadas portuguesas e praticante de
artes marciais desde os 4 anos de idade; quando recebeu de um monge
budista japonês a oportundade de treinar Shorinji Kempô. Durante os 4
anos em que serviu no exército português – lutando nas guerras coloniais
do continente Africano – mestre Adriano foi aprimorando sua técnica,
ocasião em que surgiu a idéia de codificar um estilo próprio de luta
chamado "Contato Total Português"; que se constitui em defesas e ataques através de golpes selecionados do Kung Fu, Kempô, Jiu Jitsu, Muay Thai e Kick Boxing.

Em
1979 Adriano traz o Contato Total Português ao Brasil e elege São Paulo
como a sede mundial do estilo. Atualmente, já se formaram mais de 500
faixas-pretas com associações em vários estados brasileiros, Portugal e diversos países europeus e africanos. Além das aulas abertas foram sistematizados cursos especiais que
Adriano e sua equipe disponibilizam para governos e empresas de
segurança, misturando artes marciais e as técnicas de guerrilha do exército português . 

Jogo do Pau 

O Jogo do Pau já tem mais tradição do que o Contato Total Português, sendo difícil de definir sua origem. Mas é certo que se originou dos bastões que eram levados pra cima e pra baixo pelos pastores e camponeses até poucos anos atrás. A palavra “jogo” não tem o sentido de “brincadeira”, mas o de “técnica” ou “manejo”.

No século XX ainda eram frequentes por Portugal, mas com destaque
para o norte do país, os combates de pau nas feiras e romarias. Por
vezes estas rixas envolviam aldeias inteiras, outras vezes as lutas
eram individuais, ou de um jogador contra vários. Era o tempo dos
“puxadores” (nome que se dava aos jogadores do Norte) e dos “varredores
de feiras” (jogadores que se deslocavam às feiras e romarias
para desafiarem outros, provando assim o seu valor através da vitória
contra todos).

O Jogo do Pau começou um processo de organização a nível nacional com a
fundação, em 1977, sob impulso de Mestre Pedro Ferreira, da Associação
Portuguesa de Jogo do Pau. As várias escolas e clubes estão hoje
organizadas numa estrutura representativa, a Federação Portuguesa de
Jogo do Pau.

Sites:

Contato Total Português

Jogo do Pau 

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The Shock Doctrine

"The Shock Doctrine" é um curta metragem de 6 minutos produzido
pela ativista política Naomi Klein em parceria com o mexicano Alfonso
Cuarón, diretor de filmes como ‘A Princesinha’, ‘E Sua Mãe Também’,
‘Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban’ e ‘Filhos da Esperança’.
 
http://www.youtube.com/watch?v=-__qp4gKW9E
 
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Brizola e a “pimenta revolucionária” na América Latina

29/01/2008 
 
Esses dias assisti uma entrevista do finado Leonel Brizola no Roda Viva, gravada em 1987. A entrevista se passava no contexto de redemocratização do país, quase final da guerra fria e sob a expectativa das primeiras eleições diretas presidenciais após o regime militar. Na época da entrevista, devido à fragilidade do governo Sarney diante das intensas mobilizações operárias capitaneadas pelo novo sindicalismo, as eleições podiam acontecer a qualquer momento.

Para um apaixonado pelas questões políticas essa entrevista é sensacional! Brizola, apesar dos pesares, era o tipo de homem que não levava desaforo pra casa e não tinha meias palavras. Durante as mais de duas horas chamou um dos entrevistadores de "cara de ratón" e insinuou que outro era agente da CIA. Seu jeito de falar misturando erudismo com contundência e sinceridade com o típico jogo político de falar e não dizer nada faz falta noo marasmo atual da política institucional. É o tipo de personagem que nos proporciona bons debates, reflexões e o fundamental: gargalhadas!

Das muitas reflexões que essa entrevista me proporcionou destaco a que foi fruto da pergunta de Mino Carta (atualmente na revista Carta Capital e na época na revista Senhor – que nome horríevel pra uma revista!) sobre qual o posicionamento ideológico do Leonel Brizola. Essa pergunta foi colocada junto com a observação (aparentemente temerosa) de que Brizola estava prestes a se aliar com o "revolucionário" Partido dos Trabalhadores. Brizola, que já estava alterado por terem insinuado que era um marxista, respondeu de maneira clara, porém "lisa" (liso de sabonete).

O caudilho (apelido dado à Brizola) afirmou que um governo social-democrata na América Latina é possível, mas precisa de alguma "pimenta revolucionária", pois aqui a social-democracia não tem como ser igual à social-democracia européia. Segundo Brizola os países europeus têm uma situação interna que os permite re-estruturar ou modificar políticas em seus países autonomamente. Na América Latina não, pois sempre que se quer transformar ou re-estruturar autonomamente em favor dos interesses populares estamos tocando em interesses internacionais poderosíssimos, estamos tocando no capital estrangeiro.

Ele citou como exemplo a campanha feita contra ele quando expropriou a empresa de eletricidade do Rio Grande do Sul, na época que foi governador daquele estado. Era uma empresa velha, ultrapassada, mas dominada pelo capital estrangeiro. A mesma coisa aconteceu quando ele estatizou a companhia de telefonia do estado. Em ambas as ocasiões ele agiu visando implantar uma política para as massas, agiu dentro da lei e, segundo ele, pelo "interesse do povo". Mesmo assim foi alvo de todo tipo de acusação.

Dando sequência ao seu raciocínio Brizola fez a ressalva que, em contrapartida, pelo menos no Brasil, não existe lugar para uma posição socialista ortodoxa "como alguns sonham". Citou como exemplo que esteve em Miami e viu a burguesia cubana. Em uma comparação simplista afirmou que a burguesia do Brasil é muito maior, "não tem nem como transportar". Em seguida, ele deu uma resposta de candidato, feita pra agradar a esquerda moderada, o centro e diminuir temores dos empresários. Segundo Brizola, não precisamos de soluções exóticas, temos que nos questionar aqui e buscar através da democracia social (socialismo democrático ou social-democracia) os nossos próprios caminhos.

Em clara referência ao modelo socialista soviético decretou que o povo brasileiro não tem chance fora da democracia, que se acontecer uma nova ditadura, seja de direita ou de esquerda, vamos nos afundar de vez. Que nossa única alternativa é democratizar a terra, a economia, democratizar toda a vida nacional, pois democratizando estaremos socializando. No final ele cita como exemplo algumas políticas internas dos EUA, que segundo ele dão lições à esse respeito, e que não admitem que são políticas socialistas ou social-democratas por vergonha ou medo de dar razão aos russos (esse Brisola…).

Pimenta revolucionária e esquerda refundadora latina no século XXI

Ao que parece, em 1987, Brizola ainda não tinha noção dos efeitos que a globalização neoliberal traria anos mais tarde. Imaginava que os países desenvolvidos sempre seriam mais autônomos que os países em desenvolvimento, e por isso conseguiriam implantar livremente qualquer tipo de políticas sociais. Os anos noventa e a consolidação do neoliberalismo mostraram que ele estava errado. Até os países ricos tornaram-se reféns da intrincada teia de relações do mundo capitalista globalizado. Uma nação, por mais rica que seja, não pode se dar ao luxo de implantar medidas populares sem se contrapor à interesses capazes de desestabilizar seu governo.

A observação de Brizola sobre a "pitada de pimenta revolucionária" me fez pensar sobre os atuais governos da esquerda refundadora latino-americana e seus processos de nacionalização e mobilização popular, que têm em Hugo Chávez e Evo Morales seus principais expoentes. São governos com toda uma roupagem revolucionária e socialista, mas que na essência não rompem  com o capitalismo e seu modo de produção (pelo menos por enquanto) implantando, no máximo, políticas progressistas de cunho social-democrata, amparadas em uma poderosa máquina de mobilização populista. Vendo a dificuldade de se implantar essas reformas (grandes e importantes, mas apenas reformas) é de se pensar que Brizola estivesse errado na dose da receita. A recente derrota do bolivarianismo no referendo Venezuelano e as difuldades enfrentadas em outros países governados pela esquerda refundadora indicam que, mesmo para reformas de cunho social-democrata, a dose certa de pimenta revolucionária na América Latina deve ser bem mais que uma pitada. 

 
taka – taka@riseup.net 
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