Venezuela e crise financeira global: Por essa ninguém esperava!

Um acontecimento está passando "desapercebido" na cobertura da mídia brasileira a respeito da recente crise financeira global. A Venezuela foi o único país sul-americano que não teve queda na bolsa na "segunda-feira negra".

Quatro fatores explicam esse fenômeno:

– A Venezuela não tem ativos na bolsa de NY

– O governo venezuelano tem uma rígida política de controle de capitais

– Recentemente o governo nacionalizou o Banco da Venezuela, braço venezuelano do grupo Santander e o principal banco privado daquele país.

– O preço do petróleo teve nova alta

Chávez não se contém de alegria. Recentemente,em um encontro com presidentes sul-amerianos em Manaus, Chávez não cansou de repetir que o capitalismo está podre e que precisamos criar o Banco do Sul; projeto de sua autoria que visa substituir o FMI e o Banco Mundial, mas que ainda não saiu do papel por resistência do governo brasileiro.

A crise financeira mundial combinada com as atitudes acertadas do governo venezuelano deu um novo fôlego para o bolivarianismo chavista após as recentes derrotas no referendo constitucional e na negociação de libertação de reféns das FARC, onde o governo Chávez saiu enfraquecido.

Com as eleições regionais ocorrendo dentro de alguns meses Chávez ganhou de presente um grande trunfo para apresentar ao seu povo e, quem sabe, impedir um crescimento substancial da oposição no processo eleitoral que se aproxima.

Todas as análises da crise econômica têm uma leitura de tragédia, uma pior que a outra, mas para o processo revolucionário bolivariano a crise está servindo para revisar conceitos e renovar a esperança de mudança continental. Quando tudo parecia caminhar para um recus do bolivarianismo as proprias contradições do capitalismo revertem a situação.

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Retomada do Blog: Impasse Boliviano

Pois é, depois de quase cinco meses sem atualizar o blog – devido ao meu novo trabalho – volto a fazê-lo em virtude do impasse boliviano. Após o referendo revogatório, onde tanto Evo Morales quanto os governadores direitistas sairam vitoriosos, a crise se agravou de forma irremediável; chegou o momento da luta final, da ruptura violenta com o antigo. Ou o governo usa da força e anula os ataques conspiratórios da oposição dando início as mudanças estruturais e a nova constituição, ou Evo pode limpar o palácio e entregar o país para algum oposicionista branco rascista sob controle norte-americano.  

Todos os analistas políticos sinceros sabem que para Evo continuar no poder só existem duas opções: ou ele se mantém fiel à revolução indígena socialista e usa da força e da mobilização popular para consolidar o processo; ou ele recua e faz um governo que não muda o que tem que mudar, visando apenas se manter no poder. O que os leigos não entendem é que a situação na Bolívia não tem acordo; não tem como os índios negociarem sua oportunidade de obter liberdade! Infelizmente, os índios boivianos em conjunto com o governo Evo tem que usar de força para garantir suas conquistas. Do mesmo jeito que se usa de força para controlar organizações crimonosas a revolução boliviana tem que controlar os oposicionistas criminosos que estão tentando impor seus interesses e privilégios. Caso contrário massacres de índios como os oposicionistas têm promovido nos últimos dias se tornarão mais frequentes até culminarem na derrota e descrédito da revolução.

Dentro desse contexto existe o fator Venezuela que é o maior aliado da Bolívia, e o Brasil que é o maior interessado direto na Bolívia por causa de suas reservas de gás. Na Venezuela a situação política também está tensa, com tentativas de golpe contra Chávez às vésperas de um processo eleitoral de governadores. Porém, a população em massa apóia o presidente e estão todos cientes da importância da situação na Bolívia e dispostos à intervir militarmente. Já o Brasil conta com uma população hostil a Evo Morales devido ao "confisco" das refinarias da Petrobras e do gás, e o governo dito de esquerda não está disposto a ajudar em uma operação militar para apoiar Evo Morales. A posição do governo brasileiro é tão vacilante que ele sequer entrega ao governo boliviano oposicionistas violentos que fugiram para o Brasil e continuam conspirando a partir do nosso território.

É urgente a necessidade de um movimento brasileiro de contra-informação sobre a situação latino-americana. Porém, deve ser algo além da internet (que também é muito importante) e que supere as análises atuais da esquerda, que não conseguem dialogar com a população brasileira, inclusive a classe média. Infelizmente não temos sequer uma sombra desse instrumento de contra-informação. Os meios aternativos atuais (simpáticos à revolução boliviana) não tem maturidade suficiente, restringindo-se aos guetos da esquerda; e os que tem alguma maturidade contam com poucos recursos ou dialogam em um linguajar estranho a população. Iniciativas audiovisuais nem se fala. As poucas que existem ou estão em espanhol ou em "marxistês". O que fazer? Tenho distribuído DVDs sobre a Bolívia e a Venezuela, mas não consigo imaginar como fazer algo além disso, haja visto que não encontro pessoas e organizações sérias o suficiente para dedicar esforço e tempo para um projeto maior.  

Bom, o debte está colocado e nós, brasileiros de esquerda (republicanos ou socialistas), precisamos nos posicionar e agir, caso contrário o senso comum anti-Evo será forte o suficiente para influenciar nosso governo numa ação diretamente contrária à revolução na Bolívia.

 

 

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Kung Fu 2003

Pequeno documentário cubano que explica o imperialismo através do Kung Fu. Me lembrou muito o Ilha das Flores.

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Pesquisa mostra alto subsídio público ao livro científico e questiona limitações de acesso

Retirado do Jornal da Ciência

 
Uma pesquisa lançada pela Universidade de São Paulo nesta terça-feira, 25 de março, mostra elevado subsídio à indústria do livro técnico e científico e grandes limitações de acesso aos conteúdos produzidos com recursos públicos

Os livros científicos, técnicos e profissionais representam cerca de um quarto dos títulos editados no Brasil e 20% do faturamento do mercado editorial.

A pesquisa, inédita no Brasil, mostra que o subsídio público a esse setor acontece em pelo menos três momentos: na produção do conteúdo (por meio do financiamento da pesquisa científica), na produção industrial (por meio da imunidade tributária à indústria do livro) e na própria atividade editorial (por meio das editoras universitárias públicas).

Apesar do alto subsídio, o acesso público aos conteúdos científicos tem sido dificultado pela ação das editoras contra as fotocópias e pela ausência de políticas públicas de acesso.

O estudo estima que, nas áreas científicas, até 86% dos livros adotados no ensino superior são escritos por pesquisadores trabalhando em dedicação integral em instituições públicas. Isso significa que o conteúdo do livro é resultado de uma atividade científica fruto de investimento público.

Na produção industrial do livro, a pesquisa estima em cerca de um bilhão de reais o subsídio público na forma de imunidade tributária (isenção de pagamento de ICMS, IPI, PIS e Cofins). Esse subsídio público ao setor livreiro é superior ao orçamento de todo o Ministério da Cultura. A pesquisa estima também que as editoras públicas respondem por cerca de 10% dos livros adotados, havendo aí uma significativa participação pública direta.

Apesar do elevado subsídio público ao setor de livros técnicos e científicos, o Brasil carece de políticas articuladas de acesso que garantam que o público que financiou a pesquisa e subsidiou as editoras tenha acesso ao conteúdo.

Levantamento em 10 cursos na Universidade de São Paulo mostrou que os custos de aquisição dos livros exigidos num ano comprometeria mais de 90% da renda familiar mensal dos estudantes. Apesar disso, houve recentemente uma intensificação nas ações da Associação Brasileira de Direitos Reprográficos (associação das editoras) reprimindo as fotocópias de livros nas universidades e uma tímida reação do Estado e demais instituições públicas na defesa do direito de acesso previsto na lei.

O relatório da pesquisa recomenda assim que a lei de direito autoral seja reformada para deixar mais claras as exceções e limitações que garantem o acesso público a conteúdos. Sugere também a adoção de políticas em instituições de pesquisa e editoras públicas para que os livros financiados com recursos públicos tenham licenças de direito autoral que garantam a livre reprodução para fins científicos e educacionais.

 
O relatório completo pode ser baixado AQUI
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BNDES: a Caixa Preta que precisa ser aberta

Comentário do Taka: Segue abaixo um artigo escrito pelo Jorge sobre os financiamentos bilionários sob condições secretas do BNDES. O artigo foi escrito para um jornal paulista mas a redação do jornal negou-se em publicá-lo. A resposta que ele recebeu foi:
"É complicado de publicar por que o jornal está buscando anúncios institucionais do BNDES"
Essa é a imprensa livre que temos no Brasil. Como o Jorge andou espalhando o texto em listas de emails tomei a liberdade de divulgá-lo no meu blog. 

BNDES: a Caixa Preta que precisa ser aberta
 
Jorge Machado*

*O BNDES, como todos sabem, utiliza recursos para seus financiamentos oriundos de fundos públicos, tal como o FAT – Fundo de Amparo ao Trabalhador. Tendo sido criado para ser um banco de fomento ao desenvolvimento econômico e social, sua finalidade deveria também ser compatível com a origem dos recursos.

No entanto, chama a atenção que no governo Lula o BNDES tem sido usado continuamente para apoiar grandes grupos económicos, alguns destes que ajudaram na campanha do partido e com enorme poder de lobby. Chama ainda mais a atenção o fato de que o BNDES passou a fazer empréstimos a empresas altamente capitalizadas, como as telefônicas, e em condições de sigilo absoluto. O BNDES divulga apenas a política de algumas linhas de empréstimos. São para os tomadores menores. Para os bilionários empréstimos feito às teles, só se sabe o montante emprestado. Os números são impressionantes: a Telefônica recebeu R$ 2 bilhões, a Brasil Telecom R$ 2,1 bilhões, a Telemar R$ 2,4 bilhões, a Vivo R$ 1,5 bilhão e agora, para a a compra da BrT pela Oi foram outros R$ 1,5 bilhão.

O contribuinte atento deve estar se perguntando: qual é a taxa de juro cobrada nesses empréstimos? Qual é o período de carência? Qual é o prazo para pagamento? Enfim, quais são as condições gerais do negócio? E o que levaria uma empresa estrangeira como a Telefónica, que pode conseguir empréstimos facilmente a juros mais baixos na Europa, preferir usar o dinheiro do BNDES? Algum leitor, sabe qual é a política de empréstimo para tais empresas? Dúvido. O autor dessas letras tenta a quase um ano descobrir isso, mas essa instituição “pública” nega veementemente a divulgar quaisquer informações.

O BNDES alega não poder fornecer tais informações devido a proteção legal de sigilo bancário de seus clientes. Ou seja, o argumento sigilo bancário, que se aplica ao cliente e não ao banco, é utilizado para que o mesmo deixe de fornecer informações sobre as políticas e linhas de financiamento que estão sendo utilizadas. Tais informações deveriam ser públicas, pois não afetam diretamente o sigilo do cliente. Para os tomadores menores, não necesariamente amigos do governo e com poder de barganha muito menor do que esses grandes grupos, sabe-se as condições. Estão lá no site.

O princípio da publicidade é um princípio republicano elementar no trato com as coisa pública. Como se trata de recursos públicos, não se pode esconder esses dados. O art. 5º, inciso LX da Constituição, afirma que "a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social exigirem". A Carta Magna deixa claro que "todos os atos deverão ser públicos", ao mesmo tempo que restringe severamente quaisquer exceções.

Se o BNDES não faz nada ilegal ou imoral, qual é o problema em divulgar suas políticas de empréstimos? Afinal, qual é o atrativo se usar o dinheiro do BNDES? Será que é um negócio tão bom para o interese público o tanto quanto é para essas empresas? Por que os executivos do BNDES não tem coragem de divulgar esses dados?

A publicidade é fundamental em todas as funções e órgãos da república e o BNDES não pode ser uma ilha imune a leis e normas que regem a administração pública. O BNDES não é um banco privado e nem pode aspirar a funcionar como tal, simplesmente porque seus recursos são resultado do trabalho e suor de milhões de contribuintes.

O sigilo excessivo que marca essas operações não apenas lança dúvidas sobre a idoneidade de uma das instituições mais importantes do país, como ajuda a obscurecer ainda mais a nossa já combalida democracia. Esse é um exemplo que compromete ainda mais a credibilidade das instituições públicas, num país onde a falta de transparência cria terreno fértil
para a surgimento da corrupção.

*Professor de Gestão de Políticas Públicas
Universidade de São Paulo

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SIcko: S.O.S. Saúde

http://www.youtube.com/watch?v=q2DwFiQpFbc

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Perguntas de um operário letrado – Falecimento do Seu Diniz

No último sábado, 29 de março, faleceu aos 68 anos, de câncer, o zelador da Escola de Sociologia e Política Sr. Antônio Muniz Diniz, conhecido por todos como "Seu Diniz". Quem é espiano de verdade sabe de quem estou falando, do homem que sempre contava histórias do passado da ESP, instituição que ele acompanhou por mais de 35 anos.
 
Ele acompanhou quase todos os momentos relevantes daquela instituição, como o levante de estudantes e professores de 1983 e outros episódios da época da ditadura. Me lembro quando ele disse que ficava na portaria enrolando os caras do DOPS pra molecada esquerdista pular o muro fugindo da repressão. Ou então das conversas que ele teve com Fernando Henrique CArdoso quando este foi nomeado interventor pelo Ministério Público (atépouco tempo atrás, quando passava em frente a ESP, FHC parava seu carro para cumprimentar o seu Diniz). Quantas histórias que poderiam ter sido registradas por uma filmadora e ninguém teve essa iniciativa…
 
Vi que o site da Fundação subiu uma pequena nota a respeito do falecimento de seu funcionário mais antigo. Como a vida é curiosa… o Florestan Fernandes, que praticamente ocultou sua passagem pela ESP, virou nome de sala e do centro acadêmico. Já o Seu Diniz…
 
Isso me fez lembrar o camarada Sidney, um estudante que teve que abandonar a ESP por falta de dinheiro pra pagar a mensalidade e virou militante do MST. Morreu em um acidente de estrada quando se mudava de assentamento. Esse aí os estudantes até tentaram dar uma sala em homenagem, mas devido a má organização do CA da época – que  esqueceu de oficializar a homenagem – a Fundação mantenedora aproveitou a troca de gestão do centro acadêmico e as férias escolares pra retirar a sala do controle estudantil. 
 
A morte do Seu Diniz também me faz pensar que a ESP conta com outras pessoas emblemáticas, como o Seu João, o Adão livreiro (esse aí merece documentário), a professora Irene e tantos outros cuja história se confunde com a história recente da instituição.  Em homenagem à todos posto um poema de Bertolt Brecht.

Perguntas de um operário letrado

Quem construiu a Tebas das Sete Portas?
Nos livros constam nomes de reis.
Foram eles que carregaram as rochas?
E a Babilônia destruída tantas vezes?
Quem a reconstruiu de novo, de novo e de novo?
Quais as casas de Lima dourada
abrigavam os pedreiros?
Na noite em que se terminou a muralha da China
para onde foram os operários da construção?
A eterna Roma está cheia de arcos de triunfo.
Quem os construiu?
Sobre quem triunfavam os césares?
A tão decantada Bizâncio era feita só de palácios?
Mesmo na legendária Atlântida
os moribundos chamavam pelos seus escravos
na noite em que o mar os engolia.

O jovem Alexandre conquistou a índia.

Ele sozinho?
César bateu os gauleses.
Não tinha ao menos um cozinheiro consigo?
Quando a “Invencível Armada” naufragou, dizem que Felipe da Espanha chorou
Só ele chorou?
Frederico II ganhou a guerra dos Sete Anos.
Quem mais ganhou a guerra?

Cada página uma vitória.
Quem preparava os banquetes da vitória?
De dez em dez anos um grande homem.
Quem paga as suas despesas?

Tantas histórias.
Tantas perguntas.

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Março: mês da censura na Internet

O mês de março foi um mês marcado por iniciativas governamentais e privadas em censurar a internet. A mídia corporativa global só deu destaque à censura do governo chinês aos sites que divulgaram a repressão no Tibete, mas além da tradicional censura "comunista" o mês de março foi premiado com exemplos de autoritarismo e censura até mesmo na Suécia.

Censura na internet durante o mês de março

China:

Por causa dos protestos pela independência do Tibete o governo "comunista" chinês bloqueou o acesso de diversas páginas de internet, como o youtube e o site do jornal inglês "The Guardian", que foram os primeiros a divulgar fotos e vídeos da repressão aos rebeldes tibetanos.

 
Brasil: 
 
Durante mais de dois anos, Paulo Henrique Amorim manteve o blog Conversa Afiada no portal iG, em cuja página principal tinha um quadro de destaque permanente. A política era o assunto mais corriqueiro, e Paulo Henrique Amorim mantinha uma seção intitulada "Não coma gato por lebre", cujo objetivo, segundo ele, era deixar claro para o leitor as preferências e gostos do jornalista, de modo a não passar aos usuários uma falsa imagem de imparcialidade.

Declarava não gostar de Fernando Henrique Cardoso, José Serra, Daniel Dantas e de quem , segundo ele, denigre nordestinos, entre outros. Em 18 de março de 2008, porém, o iG retirou abruptamente o blog do ar. Em nota, alegou que a audiência esperada estava aquém das expectativas e que os custos de sua manutenção não se justificavam mais, o que motivara a finalização do contrato antes de dezembro de 2008, o prazo final previsto.

Paulo Henrique Amorim relançou seu Conversa Afiada em novo endereço e questionou os motivos levantados, sugerindo que haveria interesses políticos e financeiros por trás da rescisão.


Turquia:

A página do Indymedia Istanbul (Centro de Mídia Independente na Turquia) está bloqueada para pessoas que acessam a internet por meio do provedor Turkish Telecom. A Turkish Telecom está redirecionando o endereço http://istanbul.indymedia.org do Indymedia Istanbul para uma página com a seguinte mensagem:

O acesso a este sítio foi bloqueado pela Telecommunication Communication Presidency devido ao decreto do Tribunal Penal de Araban, em Gaziantep, datado de 21/03/2008, número: 2008/418-171.

Mais tarde substituída por:

O acesso a este site foi bloquado pela Telecommunication Communication Presidency, devido ao decreto do tribunal da Presidêcia Geral da Corte Militar, datado de 21/03/2008 de número:2008/148-171.

Misteriosamente a mensagem mudou: antes o decreto havia sido emitido por um tribunal comum, agora por um tribunal militar. Outros websites também sofreram o bloqueio.

Suécia:

A revista digital espanhola Rebelion e o site da agência de notícias do governo boliviano (ABI), entre outras, foram censuradas por vários provedores de internet na Suécia e outros países da Europa. A empresa estatal sueca Telia, provedora de serviços de internet e telefonia, foi afetada por uma decisão da empresa norte-americana CogNet que administra o acesso à vários servidores. A decisão foi adotada unilateralmente, e impede que todos os usuários dos servidores Telia possam se conectar ao site Rebelion e ABI. CogNet censurou as páginas sem explicar as razões.

A estatal Telia alega que não pode fazer nada para restabelecer a conexão com esses sites, e admite que se trata de censura e limitação de informações. Também diz que está em negociação com CogNet, mas até agora sem resultados positivos.

O que mais me impressiona é que nesses casos a censura mais sincera foi a do governo Chinês, e a mais obscura a censura promovida num bastião "democrático" como a Suécia.

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Chaos Computer Club divulga impressões digitais de autoridades e ensina como usá-las

por Jorge Machado

O Chaos Computer Club, uma das maiores e mais influentes organizações hackers, publicou a impressão digital do Ministro do Interior Wolfgang Schäuble. Ela foi obtida a partir do copo em Schäuble bebia, "roubado" em um evento oficial.

O ministro Schäuble é o principal reponsável pela nova lei alemã que permite ao Estado espionar a vida dos cidadãos através do acesso aos dados de ligações telefônicas e e-mails enviados e que inclusive obriga os provedores de acesso a fornecer as senhas dos usuários às agências de segurança.

Com a publicação da impressão digital de uma pessoa pública o CCC quer chamar a atenção aos cidadãos sobre o os riscos do uso de impressões biométricas para "promover a segurança" – e que farão parte de todos os passaportes alemães.

Com a publicação da digital, o CCC quer mostrar que o armazenamento de dados biométricos por si não são seguros. O CCC publicou também como se pode fazer uma cópia da impressão digital, por exemplo, do ministro Schäuble, e colar ela no próprio dedo e enganar os leitores de impressão digital.

O Chaos Computer Club afirma que em breve vai divulgar as impressões digitais da primeira ministra Angela Merkel, de Otto Schily (ex-ministro do Interior), Günther Beckstein (ministro presidente de Bavária) e Jörg Ziercke, Presidente do Serviço Criminal Federal. Todos eles, políticos que defendem, em nome do combate ao terrorismo, mecanismos de controle que violam a privacidade dos cidadãos e que estão transformando a Alemanha em um grande "Big Brother".

 

Página do CCC ensinando a técnica em alemão. 

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UMA VISÃO GERAL DA SITUAÇÃO TIBETANA DENTRO E FORA DO TIBETE

"GEORGE ORWELL teria entendido as
atitudes Chinesas no Tibete. Em "1984" cunhou o termo "duplipensar", ou
a capacidade de acreditar em coisas contraditórias. Assim os líderes
chineses professam em acreditar que tanto a cultura tradicional
tibetana é repugnante, cheia de superstição e crueldade, e que o Tibete
é uma "parte de inalienável da China". Eles também reivindicam que o
Dalai Lama, líder espiritual do Tibete, tornou-se irrelevante, mas
insiste que ele conseguiu fomentar o último derramento de ressentimento
anti-chinês visto no Tibete."

("A colonial uprising" – 19/03/08 – The Economist)
tradução da citação: Gus
 
crédito: EPA A atual crise no Tibete tá servindo pra cair a máscara de muitas organizações de esquerda que se dizem democráticas. Defendem a liberdade do Iraque ao mesmo tempo que defendem a ocupação chinesa no Tibete. O recado que essas pessoas e organizações passam é claro: imperialismo americano é ruim, mas o chinês é bom, só isso, sem maiores explicações.
 
Cheguei a ver textos esquerdistas falando que o Dalai Lama é contra as reformas "democráticas" que o governo chinês vêm implantando no Tibete, e pior, que a ocupação chinesa foi um pedido dos Tibetanos. Quando vejo esse tipo de distorção da realidade fico feliz que o socialismo autoritário da antiga URSS e leste-europeu tenha desmoronado, e que esse tipo de pensamento não tenha futuro algum no Brasil.
 
Mas eles (socialistas autoritários) também têm consciência que o brasileiro nutre aversão à esse tipo de regime FASCISTA com colorações vermelhas, por isso, na maior parte do tempo, encobrem seus arroubos autoritários através de campanhas de solidariedade aos povos oprimidos pelo império norte-americano. Porém, quando o grito de liberdade parte de um povo dominado pelo IMPÉRIO "democrático" chinês a máscara dos socialistas autoritários desaba, especialmente a daqueles que se encontram nos PCs (Partidos "Comunistas"). 
 
Somente para esclarecer meus leitores: minha solidariedade é para com o povo Tibetano e seu desejo de liberdade. Sobre o fato do Tibete voltar a ser uma teocracia caso o Dalai Lama logre êxito na sua campanha pela independência (ou maior autonomia) tenho minhas reticências. Não sou um defensor fanático do modelo democrático liberal (muito menos o "democrático" comunista), e a possiblidade de uma teocracia feudal, mesmo que budista, me incomoda. Porém, consigo visualizar  o Tibete como uma teocracia parlamentarista moderna (ok, meus amigos esquerdistas podem rir), aonde a figura do Dalai Lama seja a de uma autoridade espiritual e chefe de estado, deixando a chefia do governo nas mãos de um primeiro ministro eleito e de um parlamento representativo. Não é o ideal, mas acredito que seja a única opção aceitável pelo próprio povo tibetano, que aparentemente não está disposto à renunciar da centralidade da religião na condução de suas vidas. 
 
 
 
Pesquisa de links: Gus
 
Segue abaixo o relato de Beatriz Bispo, uma brasileira que estuda
Budismo Tibetano há 15 anos na cidade de Dharamsala, onde funciona o
governo tibetano no exílio. O relato foi repassado pra mim através do meu camarada Alessandro, dono do blog Paladar de Palavra.

 
UMA VISÃO GERAL DA SITUAÇÃO TIBETANA DENTRO E FORA DO TIBETE

16/03/2008

Índia: McLeod Ganj  (O quarteirão Tibetano em Dharamsala) está fervendo. Eu vivo a 200 metros do templo principal, o qual, nesses últimos dias, tem sido o  maior foco para as protestos aqui. As ondas das emoções que variam de alegria, cantos e gritos  de lamentos e "slogans",  que podem ser  ouvidos do meu quarto.   Na rua em frente ao templo uns quarenta Tibetanos estão em greve de fome, esperamos, porém que não cheguem até a morte.  Cem daqueles que planejavam marchar  de Dharamsala a Lhasa, foram detidos  antes que  chegassem à fronteria do estado do Himachal Pradesh  com o estado do Punjab. Eles estão sendo detidos por quatorze dias porque se recusam à assinar um papel no qual eles juram  que abandonarão a marcha. Ontem – dia 16/03 – um grupo de duzentos sairam em marcha de Macleod Ganj para cercar a prisão onde seus companheiros estão detidos. Este grupo se transformou em uma multidão de mais de  três mil dos Tibetanos que vivem aqui. E até hoje mesmo muitos outros estão dispostos a fazer o mesmo.    

Todas as lojas, restaurantes e tudo aquilo que diz respeitos aos Tibetanos estão fechadas. Em Delhi a poucos dias atrás uns cinqüenta protestantes também foram presos.  Eu há pouco vim do templo onde a Sua Santidade  o Dalai Lama deu uma entrevista  coletiva – jornalistas da BBC, CNN, Alemanha, Japão e outros  estavão presentes. Só aqueles  jornalistas da imprensa puderam participar da coletiva.  Tibete: Os chineses dizem  que dez pessoas morreram. Mas  a mídia noticiou uns trinta, a dois dias atrás. Ontem contavam oitenta corpos. Mas aqui as vozes que chegam dizem que são mais de cem. A tendência é só subir. O governo chinês pediu que os manifestantes se rendam antes da meia-noite de segunda-feira 17/03 – se eles desafiarem, ao invés do ‘tratamento severo’ receberão uma ‘moderada’ punição. Seríamos  hipócritas em acreditar nisso. Os manifestantes sabem o que exatamente se espera. Mas não eles esperam render. Os chineses os bloquearam em um quarterão velho da cidade.    

Ainda não é claro como começou a violência. Relatórios de Tibetanos em Lhasa, por celulares, dizem que as manifestações começaram pacificamente  por alguns monjes mas foram reprimidas pelas forças chinesas com força brutal. Isto fez com que as manifestações aumentassem, envolvendo pessoas leigas e eventualmente algum Tibetano, lançando pedras e queimando edifícios etc.   Quase todas as imagens e notícias vêm de Lhasa, com lojas quebradas e queimando. Todavia isto  parece ser mais uma tentativa, chinesa de retratar os Tibetanos como agitadores e ‘terroristas separadores.’ O que as novas imagens das notícias não mostram é a sua  ação severa. Relatórios nos chegam através de celulares dos Tibetanos na capital de Lhasa dizendo que grandes números de manifestantes  ainda inconscientes devido a um tipo de gás lançado,  foram levados  nos caminhões dos exército para lugar ignorado. Outros relatórios contam de pessoas sendo mortas e seus corpos sendo jogados fora.    

Embora a atenção da mídia esteja  concentrada em Lhasa, os Tibetanos em todas as  outras três regiões do Tibete (Utsang, Kham e Amdo), tambem fazem demonstrações com  milhares de participantes em Tau, Kandze, Lithang, Labrang Tashikyil e Penpo. Em Amdo Ngawa até mesmo 12,000 pessoas se levantaram em demostração de protesto. Na  Província de Gansu, os estudantes de uma universidade também se ergueram em manifestação. Em todos os lugares o exército chinês respondeu, a estas demonstrações pacíficas de forma brutal, matando um número de pessoas ainda não confirmado.   Tudo isso são só relatórios, o que realmente está acontecendo nesse momento em Lhasa e nas outras províncias do Tibet é muito dificil de ser efetivamente constatado.   O Dalai Lama e o Governo chinês: O governo chinês diz que as demonstrações foram "habilmente  planejadas pelo Dalai e seu  grupo exclusivo’. O Dalai Lama desmentiu tudo  isso publicamente e temos toda razão para acreditar nele.

Ele lamentou profundamente pelas perdas das vidas que estão ocorrendo não pode  encorajar  as ações que custem as vidas de outros seres.  Por isso é inverossímil,  dizer que as manifestações foram coordenadas por ele, como os Chineses estão proclamando. É muito mais plausível, e de acordo com aquilo que eu conheço dos Tibetanos, que eles tenham começado com demonstrações pacíficas espontâneas  aproveitando essa oportunidade das Olimpíadas em Beijim,  onde o mundo inteiro esta aí focalizado, para  fazer  a causa do Tibet se tornar em uma causa de interesse mundial,  tais demonstraçoes ganharam impulso e geraram eventos semelhantes em outros lugares.  

A intensidade que nós estamos vendo, é uma explosão de frustração retida por quase cinco décadas, um ressentimento por serem oprimidos por um regime que não dá liberdade de expressão, religião e cultura, e não o produto de um ‘esquema do  clã do Dalai.’ Os Tibetanos se sentem entristecidos e com toda razão. As atrocidades  que vem acontecendo a mais de 60 anos são muitas e variadas, não reveladas aos olhos do mundo. Entretanto aqui  não é o lugar para entrar em detalhes.  Embora seja verdade que o Dalai Lama tenha se recusado a pedir que parassem as manifestações, não foi porque ele desejasse causar algum dano aos Chineses ou encorajasse a violência. E sim por que nesses últimos dias ele recebeu telefonemas de Tibetanos suplicarando a ele  que não lhes pedisse para suspender  as suas manifestações.

Os Tibetanos querem exercitar os seus básicos direitos humanos de expressão. Durante anos o povo tibetano foi atormentado  por um sentimento de inutilidade, de querer melhorar as condições na sua própria pátria sem o menor resultado. Agora, eles acham que têm uma oportunidade para fazer algo que poderia  trazer a atenção do mundo à situação do Tibet. Qualquer que seja o resultado mesmo seja  se unindo em uma marcha, a sensação de estar contribuindo pessoalmente com algo,  dá esperança e coragem as pessoas. Considerando que não fazendo nada somos conduzidos à desesperança e a frustração. Se no caso o Dalai Lama pedisse aos tibetanos para pararem com as manifestações, eles se sentiriam devastados, porque eles o respeitam acima de qualquer outra coisa e não querem contradizer  os seus desejos expressos. Mas os Tibetanos, e principalemente a nova geração, sente a necessidade de agir, e agir agora. Muitos Tibetanos me disseram, "Como eu não posso simplesmente fazer nada enquando meus irmãos e irmãs estão  no Tibet arriscando as suas próprias vidas pela nossa pátria? Nós temos uma responsabilidade para os apoiar, não só em pensamento, mas também em palavra e ação."    

As demonstrações começaram no dia 10 de Março que é o 49º aniversário da insurreição falhada contra o chinês após o qual a Sua Santidade fugiu do Tibete para a Índia. É uma data que trás emoções dolorosas para os Tibetanos. E eles sabem que o mundo está vendo a China na corrida até as Olimpíadas. Estes dois, o aniversário da rebelião e a chegada das Olimpíadas, proporcionaram às pessoas um catalisador.  Por favor lembrem que o Tibetanos não são hipócritas. Embora não  se poderia esperar tal reação de povo nômade e comerciante, eles são politicamente astutos. Eles tiveram que sobreviver sob um regime comunista. E ainda, considerando que em outro lugar tal astúcia combinada ao egoísmo poderia ter conduzido à colaboração. Ao contrário em geral, os Tibetanos resistiram à ideologia comunista chinesa e à sua propaganda. Eu atribuo isso à força de caráter e cultura desse povo. Embora quieto durante relativamente muito  tempo, eles esperaram pacientemente o momento apropriado de agir.   Esses são os fatos até onde se pode averiguar.       

Quanto a minha opinião. Eu me senti devastada  e com lágrimas nos olhos quando eu vi os primeiros relatórios na BBC. Enquanto os meus amigos (monges Tibetanos) asseguraram que o que nós estamos vendo era bom. Apesar de ser  um erro e queimar as lojas fosse algo que eles não devessem ter feito… eles fizeram,  e os outros notarão…  Eles estão frustrados pelo jeito em que a Comunidade Mundial até hoje não fez nada mais para garantir a paz e liberdade pessoal no Tibet. Eles querem a expressão do mundo e seu apoio.    Os Tibetanos acham(como eu também) que esta é uma hora crítica. O Dalai Lama tem 73 anos. Com as Olimpíadas em Beijing, o mundo pode ter alguma  influência sobre China. Pode ser um tipo de idealismo (eu não direi ingenuidade) esperar que, por uma vez, o mundo coloque suas preocupações humanitárias e éticas à frente do lado econômico. Se não agora, então quando?  

Eu não espero que a situação possa  ser resolvida logo. Haverão incidentes relacionados às Olimpíadas. As Olimpíadas devem prosseguir, porque o mundo estará lá para testemunhar.   Embora possa aparecer firme, O governo  chinês, é frágil por essa razão que é obrigado a usar meios brutais e medo. Eles não têm nenhuma consideração pelos sentimentos e mentes das pessoas. O que aconteceu na Europa oriental é ligado ao que eventualmente pode acontecer na China.    Ou seja, eu não estou predizendo a queda iminente do regime comunista chinês. Eu só pretendo insinuar que essa agitação é difundida e sentida profundamente. Não só no Tibet mas através de toda China. Vamos esperar que estas manifestações tragam frutos positivos, sejam para os Tibetanos, para os Chineses  e para o mundo.   Eu peço a vocês que leiam, assistam ou escutem o que a Sua Santidade o  Dalai Lama diz. Ele é prático, sábio e acima de tudo compassivo. Ele não é nenhum estadista ordinário e a resposta dele seguramente será um testamento da  originalidade do seu  pensamento.

Beatriz Bispo_ Dharamsala, India

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