18/04/07
Como todo mês de abril, o MST promove a jornada de luta pela reforma agrária, que também tem como objetivo lembrar o assassinato de 19 sem terras, por policiais militares, no chamado massacre de Eldorado dos Carajás, no Pará, em 17 de abril de 1996. Após o massacre, 17 de abril tornou-se o dia nacional de luta pela reforma agrária, sendo assumido também como dia mundial de luta da Via Campesina, organização internacional dos movimentos camponeses.
Este ano a Jornada de Luta do MST (abril vermelho) coincidiu com intensas mobilizações nacionais dos movimentos de moradia e movimentos indígenas (abril indígena). Outro ponto importante foi a ousadia nas ações, com ocupações de fazendas de políticos, liberação de pedágios, a ocupação de um terreno pertencente ao exército, além de um número maior de piquetes em estradas (tática usada com moderação nos anos anteriores). Além disso, o discurso do MST em relação ao governo federal endureceu, ainda que timidamente, haja visto o tanto de promessas não cumpridas.
Além das exigências camponesas, como o assentamento de um milhão de famílias conforme prometeu Lula, o MST exige mudanças na política econômica, a democratização dos meios de comunicação, o fim do fechamento das rádios comunitárias e a fiscalização da comercialização de produtos transgênicos com sua rotulagem obrigatória.
Tiro três conclusões do que rolou até agora no "abril vermelho" de 2007:
1) O MST acumulou força como nenhum movimento havia conseguido até então na história brasileira e talvez latino-americana. A organização e sincronicidade de suas ações, sua estratégia de comunicação interna e externa e sua capacidade de articulação com outros setores organizados formam uma rede de poder popular que não pode ser ignorada, ou reprimida, sem maiores consequências.
2) O discurso do movimento em relação ao governo federal endureceu, e é sinal de uma mudança estratégica na relação com o govenro Lula. O segundo mandato de Lula, sem possiblidade de reeleição e sem garantias de eleger um sucessor, abre a possibilidade dessa ser a ultima chance, a médio prazo, do MST obter vitórias significativas pressionando um governo de "esquerda". Além disso, o movimento pode articular o recrudescimento das ações com sua influência no governo federal em uma estratégia de acúmulo de forças, para resistir à possível perseguição de um governo hostil a partir de 2010.
3) Seguindo a tradição de anos anteriores o MST incluiu nas suas reivindicações algumas demandas gerais e de outros setores da sociedade, com destaque especial para a democratização da comunicação e a defesa das rádios comunitárias. A priorização dessas demandas indica que o movimento pretende intervir estrategicamente na luta pela democratização da comunicação. Dessa forma, o MST se coloca como centro dinâmico da esquerda brasileira, sendo, talvez, a única organização atual que combina a disposição de luta com a capacidade real de liderar os demais setores organizados numa ampla mobilização de resistência ao neoliberalismo (caso não capitule diante do canto de sereia do governo).
Resta saber se o movimento transformará toda essa potência em ações concretas que se comuniquem com o conjunto da sociedade [1], na construção de um projeto comum de país e de um contrapoder orgânico, democrático, pela base e de massas.
André Takahashi – taka@riseup.net
[1]os setores organizados e, principalmente, os setores desorganizados que repudiam a linguagem e práticas tradicionais da esquerda
A luta do MST é sim distribuição da propriedade dos meios de produção, com raras exceções de experiências coletivas, mas e daí? É uma luta importantíssima, que dialoga efetivamente com as bases tanto no campo quanto nas cidades, e mostra perspectivas a curto, médio e longo prazo. Curto prazo: combate o latifúndio (terra sai de um para 300), trabalho de formação na base, mostra que há algo a se fazer; médio prazo: integração dos assentamentos em lutas comuns, agricultura sem agrotóxicos nem transgêncios, todos passam a ser sujeitos de seu próprio trabalho, dixando a alienação dos empregos (quando existem) das cidades para trás; longo prazo: a formação de uma base mais consciente e forte permite aí sim lutas mais amplas e voôs mais altos.
Fora as demandas de outros setores, como democratização da comunicação ou diretos das mulheres, que o Taka levantou, e que na verdade são todas de um setor só, os de que não querem as coisas permançam assim.
Abração Taka
Ei camarada,
Eu tenho inúmeras criticas ao mst mas elo menos aqui em são paulo eles já superaram isto da propriedade privada, a propriedade e a produção nos assentamentos é fieta de forma coletiva. aliás atualemnte eles tem feito duras criticas a produção de cana em antigos assentamentos e tem se voltado muito mais para as comunidades, tanto que existe a prposta de comuna da terra.
Japa … propriedade privada tem muito a ver com o MST!
Foda-se que ele é um movimento grande e forte, tá mais para partidão do que qualquer coisa libertária!
Não é só pq é forte e tem voz perante o Estado, que devemos te-los como algo a seguir e admirar!
Vide as lideranças destas paradas ai, cujo apoio deles para com os libertários só saem no discurso e não nas praticas!
To fora!
Anarquia verde organica e coletiva!