Segue abaixo minha carta de desligamento do PV.
Caros verdes
Venho por meio desta comunicar meu afastamento do Partido Verde. Após 5 meses de aproximação e pouco mais de um mês de filiação e atuação junto ao partido cheguei à conclusão que o Partido Verde não é o instrumento político-partidário adequado à prática política que procuro desenvolver.
A entrada da Marina Silva no Partido Verde me deu esperança que seria possível uma atuação de ecologia política progressista no interior do Partido. Porém, o curto período em que estive próximo dos membros do partido me mostrou que esse tipo de atuação não é possível. Pelo contrário, essa experiência me mostrou que o risco do PV mudar a Marina, e não o contrário é muito maior do que eu imaginava. Os vícios de 23 anos parecem estar consolidados no PV.
Uma pequena amostra do partido: dentro da executiva estadual da JPV deparei-me com um rigoroso controle de informação (lista de emails moderada), e convivi com alguns membros que em ambientes mais informais se comportam com posturas radicalmente antidemocráticas e comentários de bastidores, no mínimo, anti-éticos.
Faço questão de ressaltar que apesar de algumas discordâncias ideológicas vi que no PV existem pessoas muito bem intencionadas, como o Murilo, a Raquel e o Rafael Biscaro, mas ao mesmo tempo existem pessoas com péssimos vícios políticos, típicos de qualquer partido brasileiro. Ou seja…nada de novo! Prefiro omitir os nomes das pessoas que me desagradaram, pois não tenho o menor interesse em prejudicá-las. Quero apenas prestar contas do meu afastamento.
Outro fator que me afasta do PV é a veia tucana do partido, que mesmo com uma candidata reconhecidamente progressista e de esquerda como Marina Silva o PV não consegue (e provavelmente nem queira) se libertar de práticas e costumes adquiridos após tantos anos de aliança com o bloco conservador (DEMO e PSDB). Quem andou pelos corredores de seu diretório estadual sabe do que estou falando: conversas permeadas de idéias neoliberais que diferem muito pouco das conversas de qualquer diretório tucano.
Avalio que o mote do PV “não somos de esquerda nem de direita, somos pra frente” vira uma grande máscara que encobre alianças incoerentes e discursos que, se analisados cuidadosamente, são notoriamente da direita conservadora. Bem longe de ser uma terceira via.
Uma característica curiosa que me deixou com uma péssima impressão é a postura dos pré-candidatos deste partido. Todo dia dezenas de pessoas entrando no partido procurando legenda, sem nenhuma participação ou conhecimento adequado do seu programa político. Foram pouquíssimos os pré-candidatos que conheci que tinham alguma atuação no partido ou estivessem filiados há um tempo significativo. Tirando as lideranças do partido o restante dos pré-candidatos era majoritariamente composta de recém-filiado.
Outro fato determinante para meu afastamento é a postura do PV em relação ao golpe de Honduras. E digo a postura que vi nos corredores do partido, não só a oficial. Vi pessoas que simplesmente apóiam o golpe de estado!!! E mesmo a postura de parlamentares de destaque, como o Gabeira, me desagradou bastante; acho inaceitável a defesa de uma não-interferência nesse assunto, como se golpe de estado fosse uma coisa normal e que deve ser aceita só porque uma pseudo-corte de justiça conservadora assim o decretou. Não apoiar diretamente o retorno de Zelaya ao poder é abrir precedente para mais “golpes corretivos” na América Latina.
No interior do PV a postura sobre Honduras é como se as eleições ilegítimas que o governo golpista procura promover fossem algum tipo de solução democrática e honrada para esse impasse. Praticamente legitimando o golpe. Pra mim essas posturas (a oficial do partido e seus parlamentares e a real de seus corredores) são inaceitáveis, e marcam exatamente onde estou e onde a maioria dos filiados do PV está: em campos políticos diferentes, opostos e talvez irreconciliáveis.
Desta forma, não me resta alternativa senão a desfiliação deste instrumento político-partidário como forma de me manter fiel aos meus princípios e à minha singela história política.
Agradeço o acolhimento dado pelas pessoas de bem que conheci neste partido.
Saudações ecossocialistas
São Paulo, 15 de outubro de 2009.
André Takahashi
Uma perda, já disse.
André é com muito pesar que recebo essa mensagem, mesmo com o pouco contato que tivemos, fiquei com uma ótima impressão ao seu respeito, um tipo de esperança ressurge a cada nova filiação de pessoas com o seu brilhantismo e o contrario acontece com essa péssima noticia.
Percebi que dividimos muitos ideais em comum, mas com um pouco (bem pouco) mais de tempo de filiação aprendi que o partido verde é composto por vários tipos de pensamentos comuns e outros não tão comuns, pensadores, ativistas, políticos bons e honestos e outros nem tanto assim, atitudes de algumas pessoas que se diferem e muito do tipo de idéia que o estatuto passa prejudicam a construção do partido. Com tudo eu cheguei a minha conclusão, o PV é um partido em suma Democrático, composto por pessoas muito diferentes umas das outras, de vários patamares da sociedade inclusive de formações políticas as vezes convergentes, aberto a novas idéias e o principal em construção. Com sua saída o partido perde um grande aliado que com certeza vai enfraquecer o lado das alianças verdes.
Grande Abraço,
Wanderley Ribeiro
“Enquanto nossos interesses próprios e ou políticos prevalecem sobre os valores e princípios, nossa fonte de vida e esperança sucumbi diante da ganância daqueles que são menos impiedosos que nós mesmos, o pior de duto, por mais que façamos, contribuímos com tudo isso.”
W.R.Oliveira
Taka! Que isto companheiro?
Para mim, que o vi uma ou duas vezes, pensei que era de construção e de olhada sistemica, apenas chegou e já se vai? Estava tentando ver como conversar sobre organização e qual o sentido deste processo que estamos vivendo todos. Queria te escutar sobre sua auto-definição “ecosocialista”.Sua análise completa e conceitos terminados. Quando vi algumas notas suas e tuass perguntas. Pensei “com estes jovens podemos partir para uma nova batalha”. A “guerra” da vida nunca termina. Espero que encontre este espaço de “politica perfeito”, “sem alianças”, “puro” e em “ordem” perfeita, se encontrar no campo social, onde se encontram projetos, visões e interesses diversos, me avisa. A ciencia e o desafio é justamente construir consensos nesta diversidade e pluralidade na sociedade de homens em um ambiente de relações denominado democracia, em qualquer nivel. De qualquer forma, pessoalmente sempre a disposição.
Lamento a desfiliação precoce de André Takahashi e creio que devemos motivá-lo a se refiliar e a vir lutar lado a lado com a gente. A luta é longa, a caminhada é perigosa mas a lua ou o sol (a natureza) é a nossa arma secreta para vencer os desafios. Volte, Takahashi e…muita paz na luta pela criação do futuro.
Está impresso, envolvido em uma camuflagem mercadológica. O que acontece no partido é resultado do poder conquistado por concessão, por negociatas partidarias que atendem os interesses de nossos dirigentes que não estão comprometidos com seus filiados. O uso de sessão de legenda aos recém-chegados nada mais é que um processo de capitalização financeira do partido. Para que os reais candidados desfrutem destes recursos. Foi assim na eleição municipal em São Paulo. O candidato Pena era o nome para a chapa de prefeito, após uma negociação com o DEM e o SR Kassab, nosso presidente, passou a ser candidato à vereador, usando 50% do programa eleitoral para promover sua candidatura deixando os outros candidatos dividirem os 50% restantes do programa entre si. Este é a prática democrática de nossa direção. Atualmente estou isolado aqui em São Paulo. O que era um instrumento para a democratização do partido (esta rede) virou instrumento eleitoreiro e manupulativo. Somente com a troca da direção o Partido Verde terá o perfil de seus filiados.
ESTIVE EM SEU PRIMEIRO EVENTO DENTRO DA ESTADUAL.
EM SUAS BREVES PALAVRAS, AFIRMO QUE PERDEMOS UM GRANDE HOMEM.
MUITO SUCESSO EM SUA VIDA!
ABRAÇOS,
RUBINHO GURGEL
Takahashi,
Todo e qualquer organismo onde se associam pessoas, sempre existem e existirão formas de conduta e pensamentos diferentes. O PV está se modificando graças as novas aquisições, como a sua por exemplo, entre milhares de outros que aderiram.
Infelizmente e com certeza não existe nada perfeito, principalmente num partido político. E somente com a nossa contribuição é que podemos melhorar o que está engessado.
Acredito essa sua posição não ser a melhor solução, mas é um direito exclusivamente seu.
Ficamos tristes de saber de um filiado parcitipativo e inteligente como você não conseguir dar continuidade nas suas idéias inovadoras no PV. A persistência é única forma de se conseguirmos lapidar o que está rústico.
Mesmo assim desejo-lhe sorte e sucesso na sua nova caminhada.
Fraternal abraço Verde!
Victor Hugo Araujo
http://www.cidademodelo.blogspot.com
André entendo sua saída.Caso vc tenha a inteção de continuar sua luta podemos conversar.
CAro André Takahashi, eu que entrei no PV com as mesmas esperanças, tenho visto coisas similares ou piores, desanimadoras. Estou me inclinando pelo mesmo caminho, embora no RS ainda haja um fio de esperança em um grupo que quer renovar as coisas.
Quando você fundar um novo partido, lembre-se de me convidar, SVP!
Sorte e saúde,
FM
Não lhe conheço pessoalmente, mas acompanhava sua participação dentro da rede PV. Imagino que o PV perdeu um grande integrante.
Não sou afiliado ao partido pq até hoje não consegui dar continuidade à etapa virtual. Mas gostaria de conhecer o Murilo, a Raquel e o Rafael Biscaro, já que vc os “recomenda”.
Vejo um lado bom de tantos recém-filiados ao partido: a possibilidade de mudar a sua estrutura.
Esteja onde estiver, sei que a sociedade poderá continuar contando com o seu envolvimento político e apartidário.
Obrigado pelas explicações e, se puder, me passe os e-mails das três pessoas citadas acima, para que eu possa entrar em contato.
Caso lhe interesse, visite o meu blog (www.verdedentro.com.br) e sinta-se bem vindo para participar quando quiser.
Boa caminhada!