09/05/2007
Assunto da semana competindo com visita do Papa: Show dos Racionais na Praça da Sé termina em pancadaria. O julgamento dos conservadores de plantão já circula pelas ruas: "bando de vândalos", "tinha que ser no show dos racionais", "a polícia tá certa, tem que descer o cacete mesmo". Alguns desses comentários partiram de conhecidos meus que posam de progressistas, mas na hora "H" absorvem as notícias da imprensa sem nenhum senso crítico.
Será que é porque as músicas dos racionais contém versos de protesto como "não confio na polícia, raça do caralho" ? Não to querendo provocar, apenas colocar o questionamento. Pra Nação Zumbi e Andrew Tosh eles não se preocuparam nem um pouco com a banca de jornal, mas com os Racionais no palco parece que virou questão de honra tirar a galera lá de cima. De uma hora pra outra a polícia começou a se preocupar com uso de drogas em público (tava assustador o tanto de gente usando drogas pesadas como cocaína e crack, ao que parece a juventude deixou a boa e velha maconha de lado), pixações, roubos, furtos (tentaram me furtar duas vezes) e gente subindo em locais impróprios. Coisas que estavam rolando desde as 18hs sob a vista grossa da própria polícia.
Sobre o fato das músicas dos Racionais supostamente incitarem a violência só tenho a dizer que isso é a expressão de rebeldia do povo pobre que tá domesticado a séculos nesse país, e sempre é tratado pela polícia (que é tão pobre quanto eles) como se fosse a pior escória do mundo. Tem gente que acha que suas músicas de protestos são negativas e que isso acirra o ódio. Bom, não acho que "plantar flores" se aplica a toda situação; às vezes é preciso falar a verdade e plantar rebeldia e indignação para que as coisas mudem, e é esse o papel que os Racionais cumprem de forma às vezes extremistas, mas sempre legítimas. Porém, assumindo esse papel, os Racionais correm o risco de serem perseguidos pelo aparato repressivo jurídico-policial, do mesmo modo que a Banda Planet Hemp foi perseguida até sumir do mapa, com cada integrante seguindo carreira solo e deixando a bandeira da legalização em 5º plano.