Fonte:
http://www.cartacapital.com.br/app/materia.jsp?a=2&a2=9&i=5488
Primeiro presidente não colorado do Paraguai em gerações, eleito com um
Parlamento majoritariamente hostil e um vice desleal, Fernando Lugo
nunca se sentiu firme no governo. Em abril, uma série de escândalos
sexuais – um real, outros aparentemente forjados – foi seguido de
ofertas muito explícitas do vice de garantir a “continuidade
constitucional”.
Agora, é mais sério. Em 17 de outubro, uma
quadrilha sequestrou um pecuarista rico e pediu 5 milhões de dólares de
resgate. Sem provas, os ruralistas acusam um certo Exército do Povo
Paraguaio, suposto grupo radical de uns vinte integrantes. O pecuarista
chileno Eduardo Avilés – suspeito de ter participado do assassinato do
general legalista chileno René Schneider em 1970 –, acusou o governo de
apoiar os guerrilheiros e incitou os colegas a se armarem contra os
“comunistas”, recebendo apoio da Associação Ruralista, que combate a
reforma agrária aventada pelo presidente.
Em 4 de novembro, um
dia depois de descartar o risco de golpe de Estado, o presidente
substituiu os comandantes das três Forças sem aviso prévio nem
explicação. Dois dias depois, fez o mesmo com o comandante supremo, na
quarta troca de comando em quinze meses. A ameaça ficou mais palpável
depois que os EUA, em Honduras, se mostraram dispostos a aceitar
quarteladas que forneçam uma fachada civil e legalista.